11 janeiro 2007

Esfaguntados angariam fundos para obras da igreja




Dia após dia, durante três semanas a fio, assim que o sino de Boleiros batia as 20 horas, os elementos da Academia de Esfaguntados, trajados a rigor e munidos de instrumental e vozes afinadas saíram à rua reavivando a tradição dos Reiseiros.
Pela segunda vez consecutiva, de casa em casa, percorrendo a comunidade, o grupo foi entoando dois temas. Um de cariz popular sobre a adoração ao menino Jesus e outro original, já entoado em 2006, também com o objectivo de angariar fundos para as obras da remodelação da igreja, angariando, este ano, uma verba de 1500 euros.
As portas das casas foram-se abrindo e a generosidade viu-se nas ofertas bem como nos petiscos que ofereceram ao grupo. Depois de ter acompanhado estes reiseiros no Dia de Reis, o Notícias de Ourém conversou com Nuno Oliveira, um dos elementos.
Notícias de Ourém (NO): Porquê repetir esta iniciativa?
Nuno Oliveira (NO): Por um lado uma questão de coerência pois no ano passado propusemo-nos reavivar a tradição dos Reiseiros, ou Cantar os Reis, que era "importante" na comunidade, e por outro o incentivo da população a esse retomar da tradição.
NO: Desta feita com que objectivo?
NO: Em termos sócio-culturais o já referido, em termos de angariação de fundos estamos a pensar dividir a totalidade das verbas divididas entre a contribuição para a amortização das dívidas da Capela e uma ajuda para as Comemorações dos 400 anos do culto a Santa Bárbara.
NO: Como é que o grupo de música popular se associa a esta iniciativa?
NO: No ano passado a iniciativa partiu da Academia de Esfaguntados que encontrou o carinho, aprovação, adesão e resultado financeiro publicitados.
Este ano foi decidido englobar esta manifestação nas Comemorações dos 400 anos, mas aproveitar a experiência em termos logísticos e musicais do grupo atribuindo-lhe de novo a organização da iniciativa.
NO: Quando começou? Quando termina?
NO: Começou no dia 27 de Dezembro de 2006. Ainda não terminou, mas prevemos finalizar até sábado 13/01/07.
NO: Quantos são os elementos?
NO: A Academia de Esfaguntados tem 11 elementos, a que esporadicamente se julgam mais alguns que revivem esta tradição de uma forma talvez mais forte.
NO: Percorrem todas as casas? Como fazem a escolha dos sítios onde actuam?
NO: Não. Tentamos definir um conjunto de pontos de encontro que permitam à totalidade das pessoas não terem de fazer grandes deslocações para assistir. Também acontecem convites específicos de pessoas ou estabelecimentos que tentamos satisfazer após completar todos os locais da Comunidade previamente definidos.
NO: Que temas cantam?
NO: Este ano introduzimos um tema novo de cariz popular, mas também cantamos o tema desenvolvido no ano passado.
NO: As pessoas como reagem?
NO: A reacção das pessoas tem voltado a ser de agrado e apreço pela iniciativa e também de reconhecimento pelo esforço que efectivamente fazemos.
NO: Têm recebido apoios substanciais?
NO: Não atingiremos decerto os valores do ano passado, o que é perceptível por diversos factores desde as maiores dificuldades que efectivamente se fazem sentir, à consciência por parte da Comunidade de que este ano, devido às Comemorações, haverá muitas ocasiões em que as pessoas serão chamadas a participar, e por último porque não queremos transformar a iniciativa num veículo predominantemente lucrativo.
NO: Este ano, os trajes são próprios. É indicador que é uma iniciativa para continuar?
NO: Houve de facto uma preocupação maior em termos de indumentária, sobretudo dos elementos femininos do grupo que se esforçaram por se apresentar de forma apropriada e semelhante.
NO: Que balanço faz da edição de 2006/07?
NO: Quando o que nos move é um misto de bairrismo, orgulho na comunidade, gosto em recriar e reviver, uma forte dose de espírito folgazão e divertido, e as pessoas nos devolvem alegria, confraternização, apreço e incentivo e no final ainda conseguimos juntar ao espólio de cultura de uma comunidade especial alguns episódios e paródias espontaneamente surgidos, o balanço tem de ser sempre muito positivo.
Claro que os ensaios têm de existir, o esforço sobretudo na parte final é grande, o frio ou a chuva fazem-nos lembrar o aconchego do lar, o saber que amanhã é outra canseira dói (depois dói), mas o que é isso comparado com o gosto em cantar, com a recepção que sentimos, com a alegria que sentimos nas pessoas que generosamente contribuem para uma saca que não é nossa mas da comunidade que naquele momento estamos a Servir.

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