15 fevereiro 2007

Investigador alerta pais para bullying


Chama-se bullying e é o novo fenómeno de violência nas escolas que preocupa pais e investigadores. Ocorre sobretudo nos recreios porque “é terra de ninguém, não é vigiado e os professores não têm a convicção que a escola não é só a sala de aula”, defendeu
Carlos Neto, docente da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, orador num colóquio inserido nas comemorações do 27º aniversário do Centro social e paroquial de Atouguia.
O investigador manifestou-se a favor de uma “supervisão e melhoramento dos recreios porque são tempos de brincadeira livre e esse tempo é essencial ao desenvolvimento”.
Carlos Neto explicou o fenómeno e deixou pistas de como lidar com a situação, em particular alertando os pais para os sinais que os filhos vão apresentando. Recusa de ir à escola, tristeza, melancolia, choro, impulsividade, stress, diminuição de rendimento escolar e uma redução na sociabilização bem como pedidos injustificados de dinheiro, objectos pessoais danificados, roupas rasgadas e feridas no corpo são motivos para deixar os encarregados de educação atentos.
Elas, defende o especialista, são “vítimas de agressão indirecta, do espalhar de rumores e histórias” enquanto eles são “vítimas de agressão directa com confronto físico”.
Elas são mais vítimas de bullying verbal e psicológico enquanto eles do bullying relacional e físico.
A fase mais crítica é no terceiro e quarto ano do primeiro ciclo. No segundo ciclo “decresce um pouco mas aumenta os fenómenos de agressão e de violência”, explicou o professor.
Os estudos apontam para a existência de “vítimas e agressores de todos os tipos”. Há – revela Carlos Neto – “crianças que têm um perfil quase assassino”.
Os números indicam que 33 por cento dos alunos esteve envolvido, pelo menos uma vez, em agressões como vítima, agressor ou ambos os casos. “Se houvesse 33 por cento de crianças seria uma tragédia para a escola”, comenta.
62 por cento das crianças não são vítimas e 4 a 7 por cento dos miúdos são “vítimas do sistema” ou seja aqueles que 2 a 3 anos continuam a sofrer este tipo de situação.
Convém, segundo o investigador distinguir entre um jogo de luta (miúdos que constantemente entram em conflito) de uma brincadeira.
Como reagem ao bullying? 14,3 por cento não conta a ninguém, 39,3 por cento conta aos amigos, 25 por cento aos pais, 14,3 por cento ao director de turma e 7,1 por cento aos irmãos.
Certo é que “há uma relação entre o insucesso escolar e os que são agressores”. São por norma “repetentes e mais problemáticos”.

Que atitudes?
Em situações destas, a atitude dos pais deve ser de diálogo e de escuta, e de tentar resolver o problema “sem precipitações e humilhações”. Por seu turno, diz o professor, os professores deve registar os incidentes, observar e informar os responsáveis, defendendo também que todas as escolas tenham um plano de intervenção para lidar com o bullying e que envolva pais, professores, auxiliares de educação e alunos.
Há vários tipos de bullying:

Emocional (dizer mal ou ignorar o colega)
Verbal (chamar nomes, gozar, rir, meter medo)
Físico (dar murros, bater, dar pontapés, puxar cabelos)
Racista (piadas sobre raça ou cultura)
Sexual (contacto físico não desejado)
Cibernético (sms, emails, telemóvel)

Sem comentários: