01 fevereiro 2007
PSD de Ourém a votos
As estruturas do Partido Social-democrata de Ourém vão a votos este mês. Primeiro em Ourém, vai eleger-se a Mesa da Assembleia e da Comissão Política de Secção, no dia 16 de Fevereiro.
No dia 23, é Fátima que vai eleger a Comissão Política do Núcleo, seguindo-se a Freixianda com o seu jovem núcleo que vai, pela primeira vez, a votos no dia 24.
Para além do Partido, também a Jota vai a votos, no dia 10.
Quando há duas semanas apresentamos a primeira candidatura à concelhia de Ourém, a de João Moura, vaticinávamos tempestade. E não nos enganámos. De facto as hostes laranja estão ao rubro.
Para além de João Moura, também Vítor Frazão assumiu ser candidato à liderança social-democrata do concelho, tendo já começado a reunir apoios e a divulgar a sua candidatura, freguesia a freguesia.
Nenhum dos candidatos tem ainda lista definida e, aquando do fecho desta edição, apenas tinham para apresentar as linhas orientadoras das respectivas candidaturas.
Porém, à margem ou talvez não, vão-se apontando espingardas e contando cartuchos. As informações que nos vão chegando dão conta daquilo que há muito se previa acontecer no momento em que Catarino deixasse vaga a cadeira: a divisão interna do partido é uma realidade.
Não é drama,
é democracia
Um dos históricos do partido, Mário Albuquer, assumiu já o seu apoio a Frazão. Afirmando a sua tristeza face ao modo como as coisas se estão a desenrolar, o deputado diz que, «isto não é um drama. É a democracia». No entanto lamenta que haja pessoas que «não têm contenção no que dizem» e que, devido a isso, «podem criar situações complicadas no que toca a entendimentos futuros».
Mário Albuquerque afirma ter tentado que as coisas tivessem acontecido de modo diferente. «Fui dos primeiros a procurar consensos, através de uma lista liderada por David Catarino», afirma. Mas, «como isso não foi possível», acrescenta «apoio Vítor Frazão por me parecer ser a melhor alternativa para o concelho». No entanto, garante que «não estou contra ninguém, embora surjam afirmações que me preocupam, nesse sentido». Até porque, defende o deputado da nação, «o facto de desempenhar qualquer cargo, não me impede de fazer as minhas opções políticas dentro do partido, enquanto militante, opções essas que considero serem as melhores para o concelho».
Catarino tentou
o consenso
David Catarino confirma que se terá «disponibilizado, em certa altura, para uma situação de consenso, num cenário de convergência». Porém, «como tal não foi possível», Catarino saiu da corrida, deixando espaço aberto ao degladiar de posições.
Mas o ainda presidente da concelhia diz que não vai apoiar nenhum dos candidato. Não só porque ambos são seus vereadores mas também porque, afirma, «o presidente da Câmara deve trabalhar com a equipa escolhida».
«Fui o primeiro»
João Moura, confrontado, nega que Mário Albuquerque tenha tentado o tal consenso. Isto porque, diz o candidato, o deputado não terá falado consigo. «Não falo com o deputado Albuquerque há semanas largas», afirma e acrescenta que quando «manifestei a minha intenção de me candidatar à Comissão Política, ninguém me disse nada». Mais, diz que terá perguntado aí se alguém tinha algo pessoal ou político contra si e nada lhe terá sido apontado. Defende que se alguém quis o consenso foi ele porque, afirma, «eu nunca quis ser contra ninguém. Fui o primeiro candidato. Tinha uma lista aberta ao consenso mas acabou por surgir outra candidatura». Mas João Moura considera que «só a minha candidatura proporcionou que o PSD abanasse de uma forma positiva. Vê-se mobilização nos militantes».
Moura recusou ser segundo
Uma coisa é certa, fontes do partido garantiram-nos e, confrontado, Catarino acabou por nos confirmar que, quando tentou apresentar a tal situação de consenso através de uma lista encabeçada por si, convidou João Moura a fazer parte desta ocupando o lugar de vice-presidente. Mas este recusou por querer avançar com a sua própria candidatura. David Catarino diz apenas que «quando vi as pessoas divididas, entendi que não havia condições».
Mas no que irá resultar esta divisão, ainda não é claro. Por um lado há os que acreditam que a candidatura de Frazão avançou demasiado tarde e que a de João Moura já lhe leva um grande avanço. Por outro lado há quem garanta que João Moura está praticamente só, no que toca a históricos do partido e há mesmo quem acredite que o candidato não vai chegar sequer conseguir fazer uma lista.
Quanto às propostas de cada um dos candidatos, Vítor Frazão está já a apresentar aos militantes as «linhas orientadoras» do seu programa eleitoral.
Comissão Política com pelouros
Apresenta «uma candidatura amadurecida, pensada para a unidade do partido, com o apoio dos militantes de todo o concelho»; sem privilegiar nenhuma freguesia». Defende a liberdade de opinião e de voto e promete «pensar nos jovens e na sua participação na política local»; Mas também afirma o «respeito por todos os militantes» e «pela elevação do diálogo». Afirma-se como «uma candidatura que se revê na actuação dos executivos municipais eleitos pelo PSD», que se orgulha dos seus presidentes de Junta», que «respeita os anseios da população, dos militantes, da juventude, das mulheres, dos idosos, das associações, das escolas, das empresas e que tudo fará para que o progresso continue».
Aquando do fecho desta edição, Frazão afirmou ao NO que ainda não havia feito qualquer convite para a sua lista. Por isso, a sua candidatura diz-se «aberta e independente, que aceita todos os apoios e todos os militantes que a queiram integrar, sem exclusão de ninguém». Mas afirma-se aberta também porque vem propor uma novidade: «para além da comissão política, propriamente dita, incluirá pelouros (sub-comissões) ligados à juventude e terceira idade; cultura e desporto; comunicação social; colóquios / conferências de âmbito abrangente; militância, filiação e refiliação; contacto com as Juntas de Freguesia e acções de formação com o objectivo de formar uma escola de autarcas».
Um partido que
não se confunda
com a Câmara
Quanto a João Moura, também ainda não tem lista pronta e está a elaborar o seu programa eleitoral. Como linhas gerais de acção diz que quer «um partido activo que faça política, que é isso que não tem feito» e que «não se confunda com o trabalho da Câmara». Como exemplo desse trabalho, Moura refere as acusações do presidente da distrital socialista quando veio a Ourém, para dizer que o PSD deveria ter então tomado posição. Mas defende que também em situações onde não há que tomar uma posição clara, compete ao partido promover o esclarecimento. Como exemplo aponta o caso do referendo à interrupção voluntária da gravidez onde o PSD não tem uma posição unânime mas, diz Moura, compete-lhe ajudar as pessoas a compreender para que possam fazer as suas opções de forma consciente, sobretudo em questões como esta que podem levantar dúvidas. Moura garante que «se fosse eu o presidente do partido teria suscitado um amplo debate».
Mas João Moura aponta outras situações nas quais o PSD deveria tomar posições claras. É o caso do PIDDAC, do sistema de saúde concelhio, das reformas na educação, etc. «O PSD tem que ter uma palavra séria sobre o atraso de um ano do QREN que vai prejudicar, sobretudo as autarquias», exemplifica. «Em tudo o que influencia directa ou indirectamente os cidadãos, o PSD tem que tomar posição. Não pode ser um partido que de 4 em 4 anos chama as pessoas para fazer listas e votar».
Por outro lado, Moura afirma a necessidade de «refrescar o partido», de chamar os militantes e simpatizantes a participar activamente» porque, diz, nos últimos anos, a sua atitude tem sido a de «deixar andar». E, para o candidato, «este conformismo não se coaduna com o espírito reformista do PSD»».
Diz Moura que a sua candidatura «não é nem nunca foi contra ninguém» mas afirma que a sua foi a primeira candidatura e por ter ficado aberta à participação, ela é a verdadeira candidatura de consenso. Considera que a sua candidatura «veio abanar o partido», conduzindo à mobilização e deixa a questão de saber se «se não fosse ela haveria as sessões de esclarecimento que estão a ser feitas nas freguesias», apontando a campanha começada a desenvolver por Frazão através de reuniões com militantes e simpatizantes nas diferentes freguesias do concelho.
Em relação ao seu adversário, Moura diz «não tenho nada, pessoal e politicamente, contra Vítor Frazão» por isso acrescenta que «no dia 17 de Fevereiro contarei com ele a meu lado para trabalhar comigo». O cenário contrário, Moura diz que não o equaciona, mas se tal acontecesse, «eu estaria com ele».
Conclui afirmando haver pessoas que «apregoam que tem de se votar numa candidatura porque é de Fátima» e afirma que essa é uma «visão limitadora do que é um concelho com imensas potencialidades». Moura afirma ser «o primeiro a reconhecer a importância de Fátima, mas esta não pode ser vista de forma isolada».
«A primeira foi a de Catarino»
Já Vítor Frazão contraria a ideia de que a de Moura foi a primeira candidatura. «A primeira candidatura foi a de David Catarino», afirma. «Só depois é que apareceu a de João Moura que, oficialmente, foi tornada publica na última reunião da concelhia, momento em que eu também disse estar a ponderar avançar». Por isso Frazão defende que «não há primeira nem segunda. Se se tivesse aceite a candidatura de Catarino, não teria havido outras, muito menos a minha», salienta Vítor Frazão.
Até ao fim à procura do consenso
O candidato diz que a sua candidatura só avançou consciente de que a única consensual era a de Catarino. Mas Frazão diz mais. O atraso na sua apresentação deveu-se, afirma, a esforços para que ambas as candidaturas recuassem, dando espaço à tal opção de consenso, protagonizada pelo actual presidente da concelhia. Por isso Frazão diz que «tentei até à última hora o consenso». Mas como tal não foi possível diz, também ele, que «não estou contra ninguém», antes trata-se do «projecto de uma equipa».
Frazão afirma não querer referir apoios em particular mas não deixa de apontar o de Mário Albuquerque, tornado público por este. Depois aponta apoios que tem recebido de muitos militantes, «jovens e não só» e diz que contactou «com toda a diplomacia» o vereador Humberto Piedade e os presidentes das Juntas de Freguesia, informando-os da sua intenção, mas «dando-lhes total liberdade de acção». Afirma ter-lhes pedido apenas que «ouvissem, se esclarecessem e agissem em consciência».
Por outro lado, afirma o seu respeito por todos os militantes e considerar de igual modo todas as freguesias sem ter em conta se são mais ou menos populosas e por isso está a desenvolver acções em todas.
Também o facto de ser de Fátima não o preocupa porque, afirma, «as pessoas que me conhecem sabem que me entrego sem reservas» e o apoio que afirma estar a receber dos presidentes de Junta mostram que ser fatimense não é problema. Diz que mesmo no «norte do concelho não tenho encontrado ninguém a tentar barrar a minha candidatura». Quanto à necessidade de rejuvenescimento de que fala Moura, Frazão diz que o seu trabalho junto da juventude fala por si. Aponta as geminações e as suas responsabilidades junto de associações de juventude. E acrescenta: «até porque não me sinto nada velho e não tenho medo de me colocar ao lado de muitos jovens que andam por aí».
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