15 fevereiro 2007

Um século de vida


Já viveu mais de 36 500 dias, muitas horas e minutos completando um século de vida. José Oliveira Eugénio nasceu a 7 de Fevereiro de 1907. A família, na passagem deste centenário de vida quis homenageá-lo de forma simples e singela.
A lucidez e boa disposição atravessaram com ele estes cem anos de vida. Não usa óculos, não precisa de aparelho para ouvir melhor e apenas necessita de duas bengalas para o ajudar a caminhar. Vive na sua casa e ainda de forma autónoma vive o seu dia-a-dia. Apenas não cozinha, sendo que as refeições são os familiares mais directos, os filhos que lhas levam a casa. Come de tudo e recorda outros tempos em que “passava-se fome”. Nessa altura, as sopas de milho, broa e azeite que, quando não havia, colocava vinagre, recorda.
Levanta-se normalmente cedo e ao longo do dia ocupa o seu tempo a ouvir rádio e a ver televisão. O seu passeio a pé, a casa da filha ou da nora, ali perto é outra das suas actividades diárias.
Dono de uma memória invejável recordada datas e momentos da sua vida. E daqui a cem anos? À pergunta sorri, com um sorriso simples e singelo e responde parafraseando a canção: “Ó tempo volta para trás”.

No dia em que os juntou os seis filhos, 15 netos, 10 bisnetos, num almoço comemorativo com cinco dezenas de pessoas, a 11 de Fevereiro, falou também ao Notícias de Ourém de alguns momentos da sua vida.
Relembrou a sua actividade, sempre ligada à oficina de móveis que lhe deu o sustento da família. Um negócio que continua na família, hoje pela mão do filho mais novo. Destes tempos recorda os dez anos que levava as madeiras numa carroça e ia vendê-las a Tomar, já que, apenas em 1950 comprou um veículo pesado de mercadorias.
“Aos 12 anos já andava a cavar”, recorda o homem que fez apenas a terceira classe mas “aprende-se mais que mais tarde com o 4º ou 5º exame”.
Lembra os tempos de mocidade em que, com quatro amigos, de bicicleta, foi visitar o mosteiro da Batalha. “Viemos de lá e fomos comer uma carcaça com açúcar” em Fátima. E agora “está formada uma cidade”.
Apesar da idade, não assistiu a nenhuma Aparição em Fátima mas ouviu contar a uma tia que viu o “Milagre do Sol”.
Deste cem anos “não tenho queixa de nada, às vezes as coisas caem melhor ou pior” destaca o festejado que diz gostar de “gente boa” e não nutrir simpatia por quem trata mal os outros. Em particular porque uma das funções que desempenhou em tempos idos foi precisamente de controlo da ordem e participação de desacatos às autoridades, se fosse o caso.
Na homilia, o padre Messias, ainda familiar e que presidiu a celebração eucarística, salientou a alegria de celebrar um aniversário como este. “E uma vida longa de 100 anos, não está assim, em qualquer lado”.
“Hoje é dia de dizer obrigado, não só para o festejado mas também para toda a família”, registou ainda o sacerdote.
A Associação Filarmónica 1º Dezembro Cultural e Artística Vilarense Reis também se juntou a esta festa tendo proporcionado um momento musical ao festejado e à família. José Oliveira Eugénio foi presidente desta Associação durante seis anos, entre 1966 e 1972.

Um pouco de história
Filho de Luís de Oliveira Eugénio e de Maria do Carmo, nasceu a 8 de Fevereiro de 1907. Foi um dos sete filhos do casal e ainda mantém uma irmã viva, com 90 anos, a Amélia.
De sua mãe obteve o nome pelo qual haveria de ficar conhecido, “Zé da Carmas”.
Casaria com Gertrudes, sua prima direita, filha de Manuel Oliveira Eugénio, irmão mais velho de seu pai.
Neto materno de José de Oliveira Reis e Maria Joaquina Pereira, paterno de António de Oliveira Frade e de Maria da Assunção, da então localidade de Charneca, hoje Vilar dos Prazeres.

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