07 dezembro 2005

Ajudar a combater a solidão e pobreza



Histórias de voluntariado na primeira pessoa


Sorridente, bem disposta, de conversa fácil e agradável. Sempre com uma história na ponta da língua e uma gargalhada a acompanhar.
Maria Teresa Vasconcelos é uma das voluntárias da instituição de solidariedade "Coração amarelo", apresentada nas páginas deste jornal, na edição de 2 de Dezembro. Uma instituição que em final de Janeiro de 2006 deverá ter uma delegação em Ourém.
Aos 82 anos, esta senhora que se sente alfacinha mas de ascendência oureense - os barões de Alvaiázere - tem uma vida agitada entre a sua colaboração com esta associação e um outro apoio a outras instituições.
Este ano, esta a colaborar com o Notícias de Ourém na acção "Feiras dos pobres" sendo já muitas as roupas, calçado e mesmo brinquedos que já fez chegar a Ourém, via elementos de uma outra entidade que este ano também está a colaborar connosco, nesta iniciativa – a Vespourém.
Maria Teresa Vasconcelos reparte o seu dia-a-dia entre o Coração Amarelo e a recolha e triagem de roupas para as distribuir por entidades como a Comunidade Vida e Paz, Ajuda de berço, Associação Abraço quando estas necessitam.
"Há coisas que não se podem dar a um sem –abrigo, como um vestido plissado, que é como nós dizemos, com pirilampos", confessa.
Sempre ajudada por uma amiga, Encarnação, Maria Teresa Vasconcelos. Juntas depois de recolherem as roupas, separam-nas, embalam-nas e se necessário for, cosem um botão, por exemplo. Anteriormente chegou a lavar a roupa e passá-la a ferro. Até que a máquina, a lavar sete vezes num dia, rebentou.
"Faço o que posso"
"Eu faço o que posso", afirma Maria Teresa Vasconcelos referindo-se ao seu trabalho em prol dos outros.
Tarefas que lhe "activam a circulação", diz em tom de alegria.
Em tom sério, garante: "Só faz sentido a vida quando faço isto tudo".
É grande a sua visibilidade contando-se já a passagem pela televisão e até mesmo na zona de Lisboa, em estabelecimentos de ensino é reconhecido o seu trabalho em prol dos outros.
Conta um episódio em que a dona do local onde costuma fazer as fotocópias lhe mostrou uma página do jornal escolar em que ela aparecia. Num desenho, aparecia o desenho da senhora, envolta em corações amarelos com uma legenda: "A dona Teresa Vasconcelos é do Coração amarelo. É muito amiga das pessoas. Eu gostava muito que isto fosse para o jornal".
Maria Teresa Vasconcelos descobriu a autora do desenho e foi visitá-la na escola, tendo sido reconhecida à entrada, por uma funcionária: "Vi-a na tv e as miúdas falam muito de si".
Ela lá foi e contou a história do pardalito cansado, as penas encharcadas, bico de fora que, faz o que pode, para apagar um incêndio.
"Lá contei a história e lhes disse que contassem a histórias a outros e que fossem pardalitos; que assim, o mundo seria melhor", revela.
E as "miúdas" também ficaram admiradas com facto de não haver televisão quando era da idade delas, das viagens de avião terem sido feitas mais tarde.
Uma voz amiga
No seu trabalho de voluntária e, além de algumas visitas, Maria Teresa Vasconcelos faz telefonemas a pessoas que não pode visitar.
"As pessoas não ligam mas é extremamente importante, um telefonema que se faz". Aliás – defende - todos os mais sozinhos deviam ter um telefone em casa. Um que tocasse. Porque " representa alguém no mundo que se lembra de mim".
Aos 82 anos, ainda lhe falta "escrever um livro, plantar uma árvore". Em especial, há um livro que gostaria de escrever: um livro de histórias, verdadeiras, de animais. Histórias estas cuja escrita tem sido adiada, para quando for mais velha.
Quadras, só escreveu uma, mas tem feito um esforço para publicar todas as que familiares mais próximos escreveram.

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