25 maio 2006

Um «acontecimento histórico» que precisa de apoio

Notícias de Ourém – a quatro jornadas do fim, tudo indica que o hóquei vai passar à I Divisão. O que é que implica esta subida?
Sérgio Ribeiro – Nós sublinhamos o quase. A subida ainda não é completamente segura mas, em 12 pontos possíveis, precisamos de 5 para passar à I Divisão.
N.O.- Daí a importância de começar a preparar a situação. O que é que muda se isso suceder?
S.R.- A situação que é previsível, começou por sê-lo com graus de previsibilidade menores. Nessa altura procuramos e continuamos a procurar preparar as coisas para o que venha a acontecer. Por isso mesmo, em 28 de Março, pedimos ao presidente da Câmara, através do vereador com o pelouro do desporto, uma conversa para tratar de assuntos relacionados com estas perspectivas. Como não tínhamos tido resposta, no dia 24 de Abril, o pedido foi reiterado por escrito. Hoje é dia 22 de Maio e nem sequer tivemos acusação de recepção, o que consideramos muito preocupante; até porque, na carta que enviámos, reiterávamos esse pedido e, sem qualquer agenda, enunciávamos um conjunto de temas que nos pareciam importantíssimos de ser conversados. Não só para o Juventude, mas também para a Câmara e para o concelho.
N.O.- Porque é que consideram assim tão importante tal reunião?
S.R.- Por várias razões. A passagem à I Divisão Nacional, que é o escalão mais alto da modalidade mais emblemática do desporto português, representa para o concelho um facto histórico. E não assumimos isso como um brilharete, como um fogacho. É qualquer coisa de extremamente importante e que consideramos como facto histórico para Ourém. Sem menos prezo por outros resultados que congéneres estão a alcançar e que a direcção do JO saúda efusivamente, concretamente o Atlético, o Fátima. Mas se não existe menosprezo da nossa parte, também não gostaríamos de ser menosprezados no momento em que atingimos este patamar. Não fizemos disto um objectivo a todo o preço. Mas pelo trabalho desenvolvido por todos, atletas técnicos e direcções, anteriores e actual, esse resultado está à beira de ser alcançado. Agora será preciso estar à altura desse resultado.
N.O.- E o que é estar à altura?
S.R.- é prepararmos a próxima época para que esse acontecimento histórico não se transforme num simples brilharete e para que não saiamos, na próxima época, com o rabinho entre as pernas da I Divisão, por não termos tido capacidade para aí aguentar uma equipa. Esta é uma questão que tem que ser vista não só pela direcção do JO mas também pelas forças vivas do concelho, a começar pela Câmara.
N.O.- Essa manutenção, em termos práticos, significa o quê?
S.R.- Face ao que é previsível, eu como presidente da direcção vou defender duas posições muito claras. Primeiro, vamos ter uma posição digna. Mesmo que tenhamos que descer no próximo ano, não descemos como uns coitadinhos que vieram aqui para levar tareia, com rabinho entre as pernas. Segundo, não nos metemos em aventuras. Não damos passos maiores que a perna. Não vamos meter-nos em contratações, em loucuras que, nalguns exemplos que conhecemos, deram mau resultado.
N.O.- Portanto, manterão o mesmo grupo, em termos de equipa. Mas isso não quer dizer que não terão que enfrentar dificuldades acrescidas. Ou seja, o clube tem capacidade para receber as equipas da I Divisão?
S.R.- A nível do grupo, e isso está a ser conversado com os técnicos, um dos objectivos passa por manter a espinha dorsal e, se possível, este grupo todo. Teremos, talvez, necessidade de um ou dois reforços. Mas os grandes problemas nem sequer vêm daí. Daí vêm problemas exteriores porque há uma grande pressão, um grande aliciamento para alguns dos nossos atletas e temos que resistir a isso. Mas há outros problemas. As despesas são muitíssimo maiores do ponto de vista da deslocação, das inscrições que são mais do dobro. Nós passamos a ir jogar à Candelária que é uma equipa do Pico, nos Açores, ao Portossantense, que é uma equipa de Porto Santo, na Madeira… e para isso não podemos contar com as viaturas municipais.
N.O.- Mas quando eu perguntava da capacidade para receber, referia-me ao próprio espaço físico. O pavilhão tem condições para receber jogos deste nível?
S.R.- Essa é uma situação que nós andamos a colocar e que queremos colocar ao presidente da Câmara. De qualquer modo, o pavilhão que existe poderá, muito precariamente, resolver o problema, atamancando-o. Mas é algo que tem que ser resolvido e que tem que ser conversado. Agora, não pensem que nos vão impor soluções que nós, que estamos por dentro do problema, entendemos que não nos servem.
Há outro aspecto que gostaria de sublinhar. O JO não é só o hóquei sénior. Ainda no hóquei sentimos o grande problema da formação. Gostaríamos que a equipa sénior reflectisse essa formação. Ela reflecte-se mas pouco. E isto deveria ser como um escada mas nesta escada faltam alguns degraus. Este ano não tivemos juniores. Temos uma equipa de juvenis, temos as equipas de infantis e temos aquilo que é fundamental para nós, que é a formação. Temos que estruturar no que respeita ao hóquei, tendo em atenção que não queremos ser uma equipa de gente vinda de fora, mas apenas com reforços vindos de fora. Para isso há que preparar os miúdos. Por outro lado, não é apenas o hóquei. É a natação, a patinagem, o futsal, a yoga. Nós somos um clube e não vamos hipotecá-lo a um resultado desportivo no mais alto escalão da alta competição. Nem pensar nisso. Tem que haver um grande equilíbrio e esta é mais uma questão a discutir com as forças vivas e com os responsáveis deste concelho. Quanto à questão das instalações, há também um problema que tem que ser discutido. Na próxima época, vamos receber, se as coisas correrem como se espera, o Futebol Clube do Porto, o Sport Lisboa e Benfica, provavelmente a televisão. E estas instalações? Como é que isto é possível?
N.O.- Já pensaram em algum solução?
S.R.- Apenas queremos ter o mesmo que os outros e a que sentimos que temos direito. Queremos ter protocolos de apoio, resultantes do diálogo e da negociação. Não queremos impor nada, mas pensamos que é possível fazer algumas modificações no actual pavilhão, que o tornam muito mais receptivo da nova situação. Temos algumas soluções que terão que ser negociadas e que têm a ver com instalações de outro tipo, dentro da cidade. Algumas soluções que se dizem estarem a ser tomadas ao nível da vereação, não nos servem de maneira nenhuma e não podem ser-nos impostas. Repito, só queremos aquilo a que temos direito e que os outros também têm. E quanto mais tarde, pior para nós mas também para a Câmara e para o concelho. Aquilo que é uma enormíssima vitória não pode ser transformado numa questão doentia de divisão. Pelo contrário. Gostaríamos que ficasse muito claro que o JO não é e nem faz oposição à Câmara.
N.O.- Mas sente que o posicionamento político do seu presidente pode causar algum tipo de entrave?
S.R.- Hoje estou aqui como presidente da direcção do JO e só nessa condição falarei. Só. É nessa condição que afirmo que desconheço completamente qual é a cor política da Câmara. Podia ter a minha cor política que a minha posição era, exactamente, a mesma. O JO não é, não pode ser e nem nunca será oposição à Câmara.
N.O.- Até porque, ao que sei, na própria direcção, há pessoas de diferentes opções políticas.
S.R.- É um grupo de trabalho e nunca entre nós surgiu a mínima divisão por votarmos em partidos diferentes. Aliás, não faço ideia nenhuma onde é que votam os meus colegas e nem quero saber. Isso são outras guerras. Mas a Câmara também não pode, em nenhuma situação, ser oposição do JO. E porque é que o havia de ser? Por eu ser o presidente? Mas o JO não é o seu presidente. Tenho muito orgulho nesta direcção e em estar a trabalhar com este grupo que nunca me perguntou o que é que penso politicamente. Sabem. Mas isso é outra coisa. Esta equipa tem trabalhado muito bem e não senti, até agora, que algumas dificuldades com a Câmara, resultem disso. Talvez não se tenham ainda apercebido da importância do momento, ou será devido a alguma incapacidade para reagir ao que está a acontecer. Mas isto tem que ser ultrapassado porque o que está em causa é um facto histórico.
Parece-me existir alguma falta de planeamento. Por exemplo: nós propusemos em Abril uma actividade que já se realizou em ano anterior, no âmbito de Maio, mês do coração. Como não temos um espaço físico apenas pretendíamos que a Câmara nos facilitasse as entradas de pessoas num programa que consistia em ter vários médicos que fariam uma revisão cardíaca. Depois as pessoas acompanhadas pelos nossos técnicos da natação, nadariam um pouco e, se caso disso, voltariam a ser vistos pelo médico. O pedido de cedência de instalações foi feito com carácter de urgência no dia 21 e foi prometida resposta para dia 26 porque 25 era feriado. Estamos a 22 de Maio e continuamos sem resposta. A actividade estava programada para dia 27 de Maio que é já sábado que vem.
N.O.- Ou seja, não vai realizar-se?
S.R.- Óbvio. Era preciso divulgar, falar com médicos, falar com o Instituto de Cardiologia, etc. Resolver isso em pouco mais de um mês, era apertado mas possível. Resolver numa semana é impensável. Mais uma vez perdemos uma oportunidade de divulgar e incentivar a prática do desporto. Há um programa denominado «Mexa-se» a que a Câmara aderiu. A verdade é que estamos a mexer-nos mas às vezes não nos deixam. Outro caso. Dia 24 de Junho vamos ter o Festival de encerramento da patinagem e disse-se à Câmara que estávamos disponíveis para nos integrarmos nas festas da cidade. Esperamos que isso venha a acontecer porque o clube tem dezenas de praticantes da modalidade e está a ter resultados excepcionais a nível distrital. Gostaríamos muito que contassem connosco. O ano passado contaram com a natação, este ano será a patinagem. Há aqui uma vontade de colaborar enorme. Mas gostaríamos de ter o mesmo que os outros têm. Veja-se o caso de Fátima, do Atlético, de Caxarias, da Freixianda, de Vilar dos Prazeres…
N.O.- Então, vocês estão dispostos a avançar com a construção de um espaço físico mediante estabelecimento de contrato-programa como tem ocorrido noutros clubes?
S.R. Mais do que isso. Temos um associado que, num plano de urbanização, reservou um espaço para nós.
N.O.- A Câmara tem conhecimento?
S.R.- Claro. Foi-lhe dito pelo próprio promotor. Estamos à espera de respostas. Conversem connosco que nós negociaremos com toda a abertura e sem qualquer pré-juízo ou pré-conceito.
N.O.- Uma das exigências autárquicas para estabelecimento desses protocolos tem passado pela existência de projectos. Vocês têm projecto?
S.R.- Temos todos os projectos. É bom que se diga isto: temos um subsídio anual da Câmara que este ano foi igual ao do no passado, de 25 mil euros. Nós começamos a nossa actividade em meados de Outubro e, até agora, ainda não recebemos um cêntimo. Estamos no final de Maio. Portanto, quando a Câmara diz, por exemplo, que o subsídio que nos concede é para utilizarmos também com as viaturas, inclusive para pagar à própria Câmara – porque a cedência nunca foi gratuita, era a 39 cêntimos o km -, se estivéssemos à espera, nem sequer tínhamos saído de Ourém. E nós não temos apenas uma modalidade. Temos várias que também precisam de se deslocar. Daí que consideremos uma injustiça a interpretação de que cada clube apenas tem direito a uma utilização das viaturas municipais por ano. Temos fins-de-semana em que saem todas as nossas carrinhas, as que o Crio nos tem emprestado e já tivemos que pedir também uma ao ciclo. Mas nós também emprestamos, neste espírito de colaboração que é fundamental. Até já emprestámos carrinhas à câmara, num passado recente.
Para termos esse subsídio de 25 mil euros, justificámos. Apresentámos programa.
Agora precisamos de instalações. A Câmara cede-nos estas mas a determinado nível elas deixam de ser suficientes. Para o ano já não temos horário para inscrever mais miúdos nas modalidades. Tudo isto tem que ser conversado. Não podem vir depois com imposições. Fala-se que a Câmara terá a solução e que ela passará pelo pavilhão do Pinheiro. Isso foi-nos dito pelo próprio vereador durante um jogo. À partida não colocámos qualquer reserva e no dia seguinte, três directores, fomos lá ver. Não tem qualquer tipo de condições. A questão do pavilhão do Caneiro é outra. Desenvolvemos lá o futsal. Quer o pavilhão do Caneiro, quer o do Pinheiro, por razões diferentes, são, ao que nos parece, erros de planificação. Colocaram-se no Caneiro uma série de modalidades e excluiu-se o hóquei. Se não fosse assim seria o ideal? Seria discutível. Ideal nunca seria por causa da distância. Os nossos miúdos vivem, na esmagadora maioria, no centro da cidade. E nós que andamos pelo país a acompanhar as equipas, não conhecemos pavilhões que fiquem a esta distância das povoações. Basta olhar aqui à volta: Torres Novas que nem sequer tem hóquei; Tomar com três pavilhões no centro da cidade…
Então e Ourém, com este esforço feito por este grupo de atletas, técnicos e dirigentes, não merece ao menos que se discutam as questões? Não estamos a reivindicar nada. Estamos apenas a dizer que existimos e que temos direitos porque há a população por trás disto. São os pais destes atletas. Jovens que, amanhã, poderão representar, e já representam, Ourém. O nosso capitão foi formado na nossa escola. O João Filipe está no Benfica mas foi formado no JO.
N.O.- Mas voltemos à questão inicial. A subida de Divisão. O que é que pode e deve ser feito já?
S.R.- A direcção vai lançar uma campanha para se criar a tal posição digna. Uma campanha que nos dê condições materiais para poder responder a esta nova situação.
N.O.- Junto de empresários?
S.R. Também. Dos empresários temos tido todo o apoio. Será uma campanha de 10x10; 100x100 e 1000x1000. A 10x10 é dirigida às empresas. Nestes 10, ponham o que quiserem; 100x100, tem a ver com apoios particulares, também importantes. 1000x1000 é dirigida a toda a população. Sejam mil tijolos, mil cêntimos…
N.O.- Voltando ao pavilhão. Actualmente ele já fica a abarrotar durante os jogos. É previsível que na primeira divisão, tragam ainda mais assistência. Onde é que vão meter essas pessoas?
S.R.- Essa é uma resposta que não podemos dar sozinhos. São questões que já colocámos em conversas informais mas que queremos colocar formalmente e a outro nível, porque é o próprio vereador dizer que isto o ultrapassa. O que pode acontecer é que se agora temos 300 pessoas dentro a assistir aos jogos e 100 cá fora, depois teremos 300 dentro e 400 fora.
Mais, do ponto de vista dos resultados, os atletas gostam deste ringue. Alguns destes resultados também têm a ver com o ambiente que li se gera. Mas há que encontrar soluções e entendemos que elas existem, se nos quiserem ouvir. Passaria por uma bancada que pode fazer-se por cima, mesmo que provisória, ao que penso, sem grandes custos. Nós na direcção também temos arquitectos. É que com todos os inconveniente que encontramos na solução que a Câmara pretende impor-nos, para além da distância e de tudo o mais, implicaria fazer obras que não acreditamos que pudessem estar prontas em Outubro. Se subirmos estaremos na I Divisão muito em breve. Eu convidava os que habitualmente assistem aos jogos a ir ver a situação do pavilhão do Pinheiro, metido debaixo da igreja e com outro pavilhão encostado. Onde é que metíamos os autocarros que trarão os atletas e as claques? Estacionam onde? E os acessos para o Pinheiro?
Temos que conversar.
N.O.- Já que se fala em viaturas, como ficou essa situação com a Câmara?
S.R.- Para nós, está completamente ultrapassada graças à colaboração com outras entidades, nomeadamente o Crio a quem estamos muito gratos.
Também sabem que podem contar connosco. Mas está mal ultrapassado porque se trata de um meio da comunidade que não está ao seu serviço ou só o está mediante critérios que são mais que discutíveis. Por isso está ultrapassado mas não está arquivado.

UM RAIO DE SOL

"Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite" (excerto de um poema de Mahatma Gandhi).
Foi o que de imediato nos surgiu quando visitámos a exposição que o C.R.I.O., em boa hora, levou a efeito na sala Luso Galaica do Parque Linear de Ourém.
O espaço foi aproveitado para, de um modo simples e acolhedor, mostrar o corolário das diversas actividades dos utentes desta prestimosa Instituição e saldou-se num magnífico resultado a todos os níveis.
Um raio de sol é o que brota da energia e dedicação dos que diariamente se esforçam para iluminar a noite das pessoas (pessoas, sim!) frequentadoras daquela Casa.
Um raio de sol é a alegria estampada naquelas caras ao verem os outros a apreciar os seus trabalhos, é a importância de cada momento de inserção na chamada normalidade.
Um raio de sol é essa mesma genuína alegria reflectida nos professores, monitores e demais funcionários que árdua e gostosamente ali funcionam.
Um raio de sol é o privilégio obtido por quem teve a oportunidade de apreciar a singela beleza do que foi mostrado por quem deu tudo o que tinha para dar.
Um raio de sol é a profunda lição dada por estes professores/alunos, onde a força das circunstâncias mostra, apesar das limitações, ser pela prática positiva que vale o esforço da vida.
Um raio de sol foi esta lufada de ar puro no ambiente pesado da nossa noite, em que a normalidade se queda pelas atitudes nefastas que adensam a escuridão reinante, levada a cabo por gente que se tem por inteligente.
Um raio de sol é o que é preciso, antes que venha o sol dum raio que nos abrase.
Luís Silva Rosa

Crio mostra-se


O CAO - Centro de Actividades Ocupacionais do CRIO teve patente ao público, no passado fim-de-semana, na galeria Luso Galaica, uma exposição de trabalhos elaborados no âmbito de vários ateliers, como costura, pintura, jardinagem...
Visitada por muita gente pode dizer-se que esta primeira mostra foi um verdadeiro sucesso até pela satisfação manifestada por quem a visitava e deixava isso mesmo expresso no livro de visitas.
De parabéns estão os responsáveis por este projecto do CRIO que veio provar, a quem, ainda, dúvidas tinha, deficiência não é sinónimo de incapacidade.
É que, se havia trabalhos mais simples, havia também outros, bem complexos, a exigirem grande habilidade e concentração por parte dos jovens que se manifestaram verdadeiros artesãos.