08 fevereiro 2007

A importância das Bandas Filarmónicas no ensino da música





Carlos Marques foi o maestro e compositor convidado pela Ourearte para, no passado sábado, à tarde, vir a Ourém falar sobre a importância das Bandas Filarmónicas no ensino da música.
Considerado como um dos nomes de referência musical da nova geração, Carlos Marques baseou a sua intervenção em questões que lhe haviam sido previamente colocadas por alunos da escola a quem a acção se destinou, bem como a executantes das bandas concelhias.
O músico começou por considerar que hoje essa importância já não é tão notada como o terá sido em tempos, dada a proliferação actual de escolas de música. Mas, tempos houve, em que as Bandas foram importantes no ensino e sobretudo no impulsionar do gosto pela música.
O compositor contraria a afirmação de que hoje as bandas não cativam os jovens, apontando o facto de, na sua maioria, elas terem como executantes, exactamente, muitos jovens.
A acompanhar Carlos Marques esteve o actual maestro da AMBO, José Pedro Figueiredo que defendeu que «a importância as bandas hoje pode não ser tão grande, mas, de facto, elas continuam a ser a maior fonte de captação para a música». Refere o seu exemplo pessoal enquanto professor num conservatório particular, para dizer que «o desenvolvimento dos instrumentistas de cordas é muito lento, o que não acontece nos sopros porque se desenvolvem muito nas bandas».
Por isso lamenta que não existam orquestras amadoras de cordas, à semelhança do que existe nos sopros. Isto porque considera que a prática das aulas é «insuficiente e até frustrante». Na verdade, o maestro considera existir complementaridade já que o papel do ensino escolar é também importante para o trabalho na banda. «Muita gente», afirma, «abandona a música prematuramente por se sentir ultrapassado por quem frequenta escolas».
Mas há outras motivos, que considera importantes, parta participar numa banda filarmónica e que passam pelo facto de aí se criarem «laços de amizade muito forte. Dá o seu exemplo pessoal de que terá sido numa banda que conheceu a esposa, com quem começou a namorar aos 13 anos. Ou seja, para o maestro, o facto de existirem interesses comuns, mas também horários comuns, promove o convívio.
Por outro lado, aponta a importância de «ter um sítio onde tocar» e «quando o maestro é uma pessoa ambiciosa e propõe objectivos ambiciosos, isso traduz-se numa maior motivação para o estudo». Mas para que isso aconteça é necessário alterar reportórios, fazer concertos com as devidas condições, em salas de espectáculo, não permitindo que a banda sirva apenas para animar festas e romarias.
Mas clara ficou também a defesa de professores distintos para os diferentes instrumentos. Ora, «isto não tem que ser feito apenas com professores licenciados», o que seria incomportável para qualquer banda. «Qualquer pessoa em diferentes graus de ensino, está mais preparado para ensinar aquele instrumento específico do que alguém que tenta ensinar tudo». Mais, «esta situação acaba mesmo por criar vícios difíceis de superar» e fala do exemplo oureense onde a criação da Ourearte permitiu que os alunos desta escola sejam depois os mestres nas suas bandas.
Outra das questões discutidas foi a forma de encarar o trabalho na banda. Dando exemplos de outros países que conhece, Carlos Marques, refere o modo como é encarado o amadorismo. Por um lado há apoios substanciais em termos de subsídios, mas que são atribuídos de acordo com o desempenho, mas por outro, as pessoas encaram com maior profissionalismo o trabalho desenvolvido. Não acontecem, como em Portugal, as faltas e os atrasos nos ensaios. Fala por isso da dificuldade que é ensaiar um grupo onde muitos faltam constantemente, criando graves problemas já que ficam com défice de formação. Isso complica também as coisas quando se defende a mudança de reportório de modo a não cansar os que comparecem regularmente aos ensaios.

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