24 maio 2007

Bom futebol, alegria e festa


O Fátima fez história ao vencer este desafio e obteve por mérito próprio o direito a disputar o campeonato da Liga de Honra para a próxima época. Mérito de um clube que honra a cidade, o concelho e o distrito através da imagem que criou no futebol ao longo de 41 anos de actividade.


A equipa fatimense ao ven-cer o Real em sua casa a sema-na transacta assumiu um favo-ritismo que poderia ser enganador. A disputa do play-off é o resultado das duas mãos e como tal, ao Fátima apenas bastaria o empate para atingir a subida contudo, se a equipa visitante marcasse primeiro igualava a eliminatória. Pois foi exactamente o que aconteceu ao sétimo minuto de jogo. Nuno Gomes, um avançado poderoso e exímio na área, conse-guiu fazer o 1-0 na resposta de cabeça a um pontapé de canto.
A partir deste resultado tudo voltava à estaca zero, ou seja, a equipa fatimense teria mes-mo que empatar ou vencer, se pretendesse atingir os seus objectivos. Vinte minutos fo-ram o tempo de sofrimento à espera do empate. Carlos Ma-nuel foi o autor do golo do em-pate – e o homem da tarde, pois apontou dois golos – e que fez renascer a esperança, não apenas da equipa de Fátima, mas também do numeroso pú-blico – a maior enchente de sempre – à espera da festa.
A equipa fatimense teve um reinício fulgurante, dado que, com apenas dois minutos de-corridos colocou-se em vanta-gem no marcador, um excelen-te trabalho de Devigor a "chapelar" o infortunado Pedro Cardoso que saíra a encurtar o ângulo de remate. Foi o delírio e começo da festa nas bancadas com a ola, as bandeirinhas a esvoaçar, os gritos de apoio. Um espectáculo a que a equipa fatimense nunca havia assistido. O Real bem lutou – e vendeu cara a derrota – mas na ânsia da procura do golo, os forasteiros foram obrigados a abrir brechas na sua defesa – o sector mais vulnerável da equipa visitante – e o Fátima pôde utilizar a sua arma mais perigosa: o contra-ataque que foi mortífero e que permitiu a Carlos Manuel marcar o terceiro golo. Destaque para o golo de Anderson – o quarto, no declinar da partida – na sequência de um livre apontado soberbamente e que entrou ao ângulo da baliza, junto ao poste esquerdo.
A festa já estava instalada e com o quarto golo foi o delírio completo nas bancadas afectas à equipa da casa e o conformis-mo para a claque dos adeptos visitantes.
No final foi a festa, a inva-são de campo era inevitável, mas tudo acabou em bem para alegria de uma cidade que vê pela primeira vez o seu nome inscrito na Liga de Honra.
Após o desafio Morgado, o capitão da equipa do Despor-tivo de Fátima, era um homem com a alegria estampada no rosto quando afirmou: "Este é um momento de enorme felicidade para todos nós". Questionado quanto à época, referiu: "no princípio foi difícil para assimilar os novos métodos de treino, mas com a continuidade do trabalho conseguimos atingir uma boa prestação, graças a um espírito conjugado (de união) de todo o grupo e por isso hoje estamos a comemorar."
Rui Vitória, treinador do Fá-tima, apresentava um ar sere-no, sinal de que os momentos difíceis tinham sido ultrapassa-dos com êxito e afirmou: "sin-to uma alegria enorme nesta subida de divisão, pois não é todos os dias que acontece. Dedico à Direcção, adjunto, jogadores e pessoas de Fáti-ma que nos apoiaram e acre-ditaram no nosso trabalho. Dedico aos meus pais, aos miúdos do Benfica, pois pro-meti-lhes que o meu primeiro título seria para eles. Consi-dero a missão cumprida, mui-to graças a todos aqueles que nos ajudaram a atingir este objectivo", acrescentou.
Referindo-se a este jogo, disse: "Parabéns ao Real, não foram uma equipa fácil. Nós entramos com intranquilidade mas depois do golo do empate assentamos. Na segunda parte entramos tranquilos, marcamos cedo, o Real abriu espaços e nós consolidamos o objectivo pretendido." Quando lhe foi perguntado qual o momento mais difícil do campeonato, respondeu: "foi nesta parte final, quando tínhamos a possibilidade de ganhar a série e mesmo assim ficar arredados da subida. Felizmente que ganha-mos, foi uma época histórica, se não o conseguíssemos seria injusto."
Jorge Paixão, treinador do Real, foi peremptório: "Sinto-me triste, mas com a satisfa-ção do dever cumprido. Não tivemos sorte tanto no pri-meiro como no segundo jogo.
Neste jogo até entramos bem, marcamos cedo, mas o golo do empate perturbou-nos. Na segunda parte tivemos que procurar o golo e isso custou-nos caro. Sofremos o segundo e sentimos que estava acabado. Ainda lutamos, mas o Fátima foi mais forte, parabéns por isso."

Eduardo Santos



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