15 junho 2007

O ciclo do pão em Fontaínhas


O ciclo do pão nas Fontaínhas foi motivo de festa nas Fontaínhas de Seiça, no fim-de-semanade 2 e 3 de Junho.
Exposições, tasquinhas, teatro, desporto e muita animação marcaram este evento organizado pela Associação Social e Cultural de Fontaínhas, que pretendeu, para além do convívio entre gerações, reavivar as etapas mais importantes do ciclo do pão, desde que este é cereal, até chegar às nossas mesas.
No sábado, aquando da inauguração do evento, estiveram presentes vários responsáveis políticos concelhios que visitaram a exposição, ficando a saber que esta seria visitada na segunda-feira seguinte, por alunos da freguesia.
A presidente da associação, Raquel Faria começou por agradecer os apoios a esta iniciativa de que, afirmou, «me orgulho muito». E acredita tratar-se de um trabalho «que deve deixar todos orgulhosos», dado o envolvimento que afirma ter existido por parte da comunidade.
Para o presidente da Junta de Freguesia, esta foi uma iniciativa «que deu muito trabalho» e para a qual «foi necessária muita união». Por isso, também a Junta de Freguesia «ajudou como pode», afirmou José Custódio que apontando as dificuldades económicas da Junta, considerou tratar-se de um trabalho «que merece ser apoiado». Por isso deixa a garantia a todas as colectividades da terra de que também elas serão apoiadas desde que «organizem eventos desta natureza».
Deixa ainda um agradecimento particular a João Rodrigues a quem chama de «João ideias» por já há muito defender a realização de um evento deste tipo.
Vítor Frazão começou por dizer ser aquele um evento «em que me apetece falar». Isto porque o vice-presidente da Câmara considera tratar-se de «uma lição que deveria ser aproveitada pelas escolas». E por isso deixa a promessa: a direcção que providencie pela filmagem do evento que a Câmara pagará a execução de um filme, desde que este possa ser revisado para ter uma função pedagógica e possa chegar às escolas. Isto por considerar tratar-se de «um trabalho digno de ser visto» porque faz a história de um povo, sendo testemunho do seu passado.
E, diz o vice-presidente da Câmara «Fontaínhas de Seiça tem primado pelas ideias» pelo que «estão de parabéns «todos os que trabalham quer idealizando quer concretizando».
E Frazão chama a atenção para o envolvimento da comunidade, exemplificando com uma cena composta por quatro bonecos, dois representando duas personagens humanas vestidas à moda antiga e dois burros, feitos por um casal da terra. Aliás para Frazão isto é demonstrativo da capacidade da associação em mobilizar as gentes da terra para participar nas suas realizações.
Afirmando-se contra aquilo que chama de «subsídio-dependência» o autarca recorda a disponibilidade da colectividade para estar sempre presente em organizações da Câmara e diz, em relação a esta iniciativa que «não se encontram muitas actividades som este carácter pedagógico, pelo que deixa o desafio para que ela se prolongue, noutros anos, e debruçando-se sobre outros ciclos de actividades representativos da economia local.
Também a presidente da Assembleia Municipal fez alusão ao carácter pedagógico da iniciativa recordando que se trata de retratar actividades que os mais novos já não conheceram mas que fazem parte das tradições do nosso povo. É esta, diz Deolinda Simões, «uma forma de construir o futuro respeitando as memórias do passado» e por isso insiste na ideia do filme e na disponibilidade da Câmara para que este fique como documento no futuro.
Ao NO Raquel Faria disse que esta era uma ideia que vinha já da anterior direcção e surgira na sequência de uma exposição etnográfica que a associação realizou na escola da terra, e que, já na altura, contou com a participação da comunidade aquando da recolha de objectos para nela figurarem.
A actual direcção, eleita em Janeiro passado traçou um Plano de Actividades que procura cumprir. Foi assim que já este ano celebrou o Carnaval, comemorou o seu 7º aniversário e organizou uma excursão, que este ano foi ao Porto.
Agora, o ciclo do pão, é um evento que esperam continuar em anos futuros, mas com diferentes ciclos: o vinho, o azeite, a água, etc.
Mas, ainda para este ano estão agendadas várias actividades. A mais próxima terá lugar já na noite de S. Pedro quando os jovens da freguesia se mobilizam na recolha de lenha para fazer uma grande fogueira. Esta é também uma realização centenária cuja memória se perde no tempo e que antes, nos tempos da tropa, eram feita pelos jovens mancebos antes de aí ingressarem. A obrigatoriedade da tropa acabou mas os jovens mantém acesa a chama de uma fogueira que chega a atingir muitos metros de altura.
Segundo a presidente da colectividade, o cumprimento do calendário a que esta se propõe só é possível com muitas horas de trabalho voluntário, fora dos horários dos empregos de cada um. «Todos os dias aqui ficamos até às duas ou três da manhã» afirma. Mas acredita ser esta a única forma para que não haja desistências e as pessoas se mantenham ligadas aos objectivos que as prendem. Isto, afirma, e «muito bairrismo». Raquel Faria acredita também que é o forte bairrismo das gentes de Fontaínhas que as une em torno das iniciativas o que, por sua vez, motiva a associação. Por outro lado, refere a «sorte de ter gente com muita habilidade». E aponta o moinho, a picota e os bonecos que ali testemunham o engenho das gentes das Fontaínhas.
De referir ainda que este «ciclo do pão» contou com um concurso de fotografias alusivo ao tema.

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