30 outubro 2007

Cartas Abertas

Dois exemplares magníficos do que está a ser a disputa pela distrital do PSD de Santarém:


A carta de Moita Flores a João Moura:




Meu caro

João Moura

Excelso Candidato à Presidência da Comissão Distrital

Do PSD Santarém


Acabo de ler o seu manifesto à presidência da distrital do PSD de Santarém e pasmo. Bom, diria mais, arrasou-me. Pérola igual há muito que não me passava por estes olhos cansados de ler lugares comuns, ou fórmulas repetidas do género ‘Emita-se Licença’, ‘Autorizo’, ‘Indefiro’, expressões da pobreza literária que habita os quotidianos de qualquer autarca. É, por isso, que no meio desta crueldade que hesita entre um verbo imperativo e um pouco mais rebuscado ‘proceda-se em conformidade e nos termos legais’, a prosa do seu Manifesto seja um momento de alegria, um oásis, neste deserto de palavras escritas que cruzam os meus quotidianos.
A sua prosa fez um prodígio. Remeteu-me directamente, com saudade infinita, para Eça de Queirós e não posso deixar de reconhecer que, se o magnífico escritor apanhasse o seu texto à mão, chamava-lhe um figo. E de si, seguramente, faria um dos deputados que ele magistralmente criou. O seu Manifesto não é um texto político. É prosa cuja beleza inconfundível só encontro nas eloquentes palavras do manhoso Conde d’Abranhos. Ainda bem que o meu caro escreveu este texto cem anos depois da morte do insigne escritor e com referências bem actuais para ninguém ousar admitir o plágio. Mas é seguramente um herdeiro.Não só da vitória de Luís Filipe Menezes mas também de Eça. Digo bem, um herdeiro!, do que mais vazio e inócuo o nosso Abranhos pariu.Essa grande figura do Estado que não se ficou por deputado, chegou a ministro e a ministro da marinha, muito embora não gostasse do mar, embora o sogro, juiz de maus fígados, só o tratasse por pascácio!
O Manifesto é, portanto, um ponto doutrinário do não dizer nada. Não é uma vírgula, não é uma interrogação. É um ponto. E dramáticamente um ponto final. Não acrescenta nada aos discursos do liberalismo retórico que empanturravam de gozo Eça de Queirós e seus amigos de tertúlia. Redondo, redondinho, sem programa nem sentido, igual, preguiçosamente igual a todos os discursos que lhe ouvi, e devo confessar a minha infelicidade por apenas o ter ouvido duas vezes, à pressa, entre duas colheradas de arroz doce. Nem o oportunismo é novidade. O facto de procurar alinhar a sua candidatura com a candidatura de Luís Filipe Menezes é de aplaudir. Alguém com ambições no terreno político deve sempre surgir do lado dos vencedores, pelos vencedores e, se possível, amesquinhando os vencidos. E aqui, o meu caro amigo, excedeu-se. Querendo atazanar os vencidos, atazanou também muitos dos seus companheiros que consigo partilharam a jornada eleitoral de Menezes. E o ponto é este. Percebi que se V.Exª ganhar a Comissão Distrital estarei impedido de me recandidatar à Câmara Municipal de Santarém. É certo que me ajuda. Não me puxa o pé para essa decisão. Mas mesmo que por razões que agora não me ocorrem, decidisse essa nova candidatura, como podia fazê-lo, sabendo que o meu caro, condiciona qualquer cidadão, por si apoiado, a saber de cor e salteado ‘o valor de um quilo de arroz ou o preço do bilhete do comboio entre o Entroncamento e Santa Apolónia’? Aliás, nem fica margem para dúvidas, pois em enérgico bold, assume que quem sabe estes preços são ‘os melhores, mais capazes, com mais talento, com provas dadas de trabalho efectivo no terreno’, gente que faz, que faz acontecer, gente com provas dadas nas suas vidas de trabalho’.
A prosa é magnífica, bons atributos, e como deve ser de bom tom sem especificar o que é ‘ser mais capaz’, qual é o ‘talento’, o que é que essa ‘gente faz’, e sobretudo ao entrar no domínio da ontologia ‘faz acontecer’, nem quais são as ‘provas dadas nas suas vidas de trabalho’. Eu não estou seguramente neste grupo. Pela simples e despudorada razão, pela ignorância política e ética de não saber o preço do tal bilhete de comboio. E confesso já, perdido de culpas e penitências, que desconheço por completo o preço do quilo de arroz. Estou definitivamente entre os incapazes, sem talento, incapaz das provas de trabalho que o meu caro tem dado sobejamente.
Por outro lado, pelo que vejo e me vão contando, V.Exª é não só o legítimo herdeiro de Luís Filipe Menezes, mas também o depositário do velho mas sempre presente espírito dos políticos da Regeneração, que eu estimo e aprecio para as minhas ficções, mas que Guerra Junqueiro, um poeta atravessado, e que lhe digo desde já não subscrever, considerava tão iguais, tão vazios,tão nulos como as duas metades do mesmo zero. Os seus adversários criticam-no porque terá ganho uma eleições a que se candidatou por tê-las agendado para um noite de Natal, com estadias pagas no hotel aos seus correlegionários, e assim, no pérfido linguajar dos seus oponentes, garantir uma vitória incontestável. Não alinho nessa má língua. Confesso que considero brilhante fazer coincidir a sua vitória com a noite em que nasceu o Menino. A carga simbólica é por demais evidente, aproximaram-no de uma espiritualidade profunda, infelizmente arredada dos seus companheiros que à mesma hora se alambazavam de bacalhau e outras iguarias, ignorando o acto eleitoral tão natalício que V.Exª no seu empenho bíblico acabara de organizar. Também não alinho nessa má língua a que os jornais do fim de semana deram estampa. Andará, segundo eles, o meu amigo a pagar quotas em massa com distribuição abundante de sistemas de pagamento. Recordo-me de ter denunciado práticas iguais durante a campanha de Luís Filipe Menezes e, na altura, declarei que essa manipulação de batota e caciquismo era um caso de polícia e não de política. E V. Exª aplaudiu-me, que eu vi. Ora chegou ao poder, pelo menos desse poder reclama-se herdeiro, e lá está a proceder de igual forma. Fica-lhe bem e julgo que, mais uma vez, tenho de me penitenciar. Tem razão! Quem não conhece o valor do quilo de arroz, não pode conhecer os mistérios da alta política e esta manda que depois agarrar os cornos do poder, tudo aquilo que se aplaudiu é para fazer ao contrário. Alta Política! A minha admiração por V.Exª sobe em cada dia de campanha que passa. Dizem-me que conseguiu com a sua grande capacidade doutrinária convencer um presidente de câmara a deixar de apoiar a outra candidatura a troco de um lugar de eurodeputado. O homem terá percebido a profundidade da sua doutrina e, de imediato, trocou de posto de combate. V.Exª e meu distinto amigo, tenha piedade de mim e ajude-me a descobrir o panteão de divindades que habitam tão brilhante universo ideológico, pois seguramente serei o seu mais devoto apoiante. Dispenso lugares de ministros, secretários, eurodeputados, deputados, presidentes de câmara e outras prebendas que exigem o brilhantismo imposto por V.Exª. Mas para que eu deixe esta autarquia e para que me suceda um PSD feito à sua imagem e semelhança, peço-lhe, imploro-lhe que me ensine o destino da metafísica política. Afinal de contas, quanto custa um quilo de arroz? Sobre a viagem de comboio entre o Entroncamento e Lisboa não vejo necessidade da sua resposta. Não quero subir tão alto.Mas o quilinho de arroz dava-me jeito.

Creia-me um seu humilde servo

Francisco Moita Flores


E a resposta de Moura a Moita:

Caro
Dr. Francisco Moita Flores
Ilustre Presidente da Câmara Municipal de Santarém


O meu prezado amigo enviou-me uma carta, através da comunicação social. É – tem sido – um hábito seu, que cultiva e que respeito.

Confesso-me surpreendido com o seu memorando. Não, que não considere legitimo o seu desagrado com este projecto político, que tenho a honra de liderar, mas por nada me levar a suspeitar que tal o poderia exasperar. Lembra-me a minha memória que foi o Dr. Moita Flores, uma das vozes a criticar e motivar a mudança no distrito Santarém. Talvez esteja errado, talvez tenha ouvido mal. Perdoe a minha dureza de ouvido se tal se confirmar.

Compreenda que a prosa não é minha especialidade e por tal, não me levará a mal tender uma resposta mundícia, à designada, “A carta dirigida por Moita Flores, Presidente da Câmara Municipal de Santarém, a João Moura, candidato à Comissão Política Distrital do PSD”, enviada hoje, pela Direcção de Campanha de Vasco Cunha a muitos militantes do distrito de Santarém, tornando-a pública. Sei agora a consideração e respeito que nutre pela minha pessoa, pois inclusivamente muitos a receberam primeiro que eu, mas adiante.

A carta do Dr. Moita Flores é um mau contributo para a discussão de ideias e projectos que o PSD do distrito de Santarém deve e tem de fazer. Porque este apoiante da outra candidatura decidiu pessoalizar o seu ataque, não contribuindo com uma única ideia positiva e construtiva para o futuro do distrito de Santarém. Os militantes do PSD não esperam este tipo de atitudes, estão saturados desta forma de fazer política, estão cansados da retórica moral de quem não é, para todos os efeitos, militante filiado no partido, apesar de se não dispensar de ir opinando sobre a sua vida interna com certa regularidade.

Na sua prosa habitual de conto literário para adaptação a mais uma série televisiva, o Dr. Moita Flores é fiel ao seu estilo: vem com mais um dos seus "discursos pachorrentos, lacrimantes e aquém da lógica factual", denotando uma falsa superioridade intelectual.

Reconheço no Dr. Moita Flores um homem culto, respeitado e frontal. Porém, a sua meteórica chegada ao campo da política, associada à presença constante nas televisões para comentários de criminologia, tê-lo-á feito alimentar expectativas superiores às que são possíveis de realizar. O Dr. Moita Flores cometeu aqui um erro: confundiu visibilidade e exposição com referência e liderança.

Insatisfeito por se terem gorado as suas diligências junto do líder nacional para que uma sua colaboradora pudesse fazer parte da Comissão Política Nacional, vem agora despejar a sua fúria em cima de companheiros do PSD que não conhece, pela simples razão de que não foi por eles ouvido ou os ouviu, não sendo possível generalizar um grupo de militantes, de modo grosseiro, catalogando-os todos com o mesmo rótulo. Tomou a nuvem por Juno.

Ora o Dr. Moita Flores, ao que fez parecer na qualidade de juiz da indignação e da birra, deverá à boa moda do Ribatejo, de que se diz e muito bem, fervoroso defensor e adepto, pedir contas a quem de direito.
Será a mim que quer pedir contas?
Santo homem, que mal lhe fiz eu?
Que mal lhe fez o projecto político que represento?
Algum ódio de juventude, por quem?

O Dr. Moita Flores cometeu outro erro, que não consegue nem pode provar: não foi feito convite nenhum para lugar de eurodeputado a troco de apoio algum. Houve o convite feito a um Presidente de Câmara prestigiado para aceitar ser candidato a Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Distrital, o que este aceitou e muito nos honrou. Esse convite foi-lhe efectuado pelo Engº José Eduardo Marçal, candidato a Presidente da Mesa da Assembleia Distrital. Esta sua frase, infundada, caluniosa, ofende um colega seu Presidente de Câmara Municipal, na sua dignidade pessoal e institucional, na sua honra, por admitir que este se deixou vender e trocou convicções por conveniências.

Para o Dr. Moita Flores, parece que há o PSD bom e o PSD mau. Para ele, quem apoia Miguel Relvas, Vasco Cunha e Mário Albuquerque é genuíno e bem intencionado; ao contrário, quem apoia José Eduardo Marçal, João Moura e Rui Paulo Calarrão é mal intencionado, foi comprado ou possui má consciência. A vida não é assim e o Dr. Moita Flores deveria ter a obrigação de o saber.

A tentativa de menorizar os candidatos de uma lista que se propõe aos órgãos distritais de um partido onde o Dr. Moita Flores não milita não surte os seus efeitos: não ofende quem quer, ofende quem pode e o Dr. Moita Flores, pura a simplesmente, não pode.

De Natal em Natal se constrói o futuro e está o Dr. Moita Flores muito bem informado, ou melhor, bem mal informado do que se passa em casa alheia. E pasme por esse seu triste paragrafo, não me merecer sequer grande comentário. A verdade está registada, e esse não foi sequer um dia de véspera. Foi um dia de grande actividade politica; o acto eleitoral com maior mobilização na história da JSD distrital e que merece ser respeitado.


O Dr. Moita Flores é um poço de contradições. Na campanha das eleições directas assumiu o apoio frontal ao Dr. Luís Filipe Menezes, tendo sido seu empenhado apoiante. Ouvimo-lo atentamente em dois jantares: em Fátima, mais restrito e em Santarém, aberto aos apoiantes e à comunicação social.

No jantar de Fátima, o Dr. Moita Flores criticou o comportamento dos barões, falsos barões, condes e viscondes do PSD e, em particular referindo-se a Santarém, disse que era tempo de acabarmos com aqueles que fazem parte do bloco central de interesses e conveniências, que estão interessados em que o PSD desça até resultados eleitorais baixos, embora mantendo-se com acesso aos negócios de Estado e que, à mesa do Gambrinus ou do Hotel Ritz têm acesso a esses grandes negócios, deles beneficiando. Disse mesmo que esses dirigentes usufruem também de passaporte diplomático para manterem os seus negócios na América do Sul. Só faltou dizer os nomes das pessoas a quem se dirigia. Agora, insatisfeito por se terem gorado os seus intentos, despeja a sua fúria sobre aqueles que estavam consigo ao lado do Dr. Luís Filipe Menezes. Sabe o Dr. Moita Flores que eu sei, que estaria do lado da luta pela mudança no PSD do distrito de Santarém, se o cabeça de lista à Comissão Política Distrital fosse o nome por si indicado.

O Dr. Moita Flores tem vindo a dar a entender que não se quer recandidatar à Câmara Municipal de Santarém. Já o dizia antes das eleições directas, em Julho do corrente ano, criticando na altura os dirigentes nacionais e distritais do PSD, estes últimos agora apoiados por si. Qualquer que seja a sua vontade, aceitá-la-emos. Contudo, não aceitaremos que nos use como desculpa, pelo facto de, como acredito, irmos vencer as eleições. Não é por nós nos candidatarmos e podermos vencer as eleições que o Dr. Moita Flores deixará de ser recandidato à Câmara Municipal de Santarém. Se isso suceder será por sua livre opção.

Não guardamos rancor nem mágoa ao Dr. Moita Flores. Connosco, se o Dr. Moita Flores quiser ser candidato a novo mandato, terá o nosso apoio institucional. Se não o quiser ser, teremos de começar a trabalhar o quanto antes na busca de uma solução equilibrada que permita manter a maioria de governação social democrata no concelho de Santarém.

Para terminar, só para que saiba, o preço do bilhete de comboio do Entroncamento para Santa Apolónia é o mesmo que de Santa Apolónia para o Entroncamento e o preço do quilo de arroz depende da marca e do tipo de arroz. Mas se quiser pergunte a qualquer português da classe média, desses que têm de fazer contas aos cêntimos da carteira, que ele dar-lhe-á a resposta de que precisa.

Naturalmente, acreditamos que a posição do Dr. Moita Flores é racional e que o facto de ainda há menos de um mês criticar aqueles que agora apoia e apoiar aqueles que agora critica é o resultado de uma coerente forma pessoal de ser e estar na política embora, com rigor, não consigamos encontrar nessa coerência nenhum dos valores que norteiam o PSD e a social democracia. Será, por certo, outra qualquer coerência.

A carta do Dr. Moita Flores é um mau exemplo da forma como se deve estar na política, porque cria ruído, não traz propostas, não lança desafios programáticos, antes preferindo a via do ataque e do falso moralismo. Quem não se sente não é filho de boa gente e eu sinto e, francamente, não consinto que se passe além dos limites da elegância e da boa educação.
As suas ofensas e desconsiderações intelectuais, faça o Dr. Moita Flores o favor de as levar para outra banda, pois por aqui dispenso-as bem. Tenho em casa barulho que chegue para aturar com prazer.

A polémica termina aqui. Não a alimentarei. Porque esta tipo de atitudes não prestigia o PSD, não prestigia os políticos, não prestigia a política. Não voltarei a este assunto mas, em face do teor da carta e pelos motivos que já expliquei, esta resposta era necessária.

Por fim, agradeço que não faça desta candidatura uma Tragédia…, não há por estas bandas nenhuma Genoveva nem teia de incesto.

Aceite um abraço com igual amizade, sem falso servilismo, do

João Moura


E, já agora, para que se perceba, o «inspirador» manifesto onde não falta o tal «arroz» nem o «bilhete de combóio»


Todas as grandes caminhadas têm início com um pequeno passo.
Ao decidirmos propor aos militantes do PSD do distrito de Santarém uma nova forma de conceber e agir politicamente, estamos convictos da responsabilidade que sobre nós pesa.
Somos militantes conscientes, alguns com maior experiência, outros mais novos em política, todos, no seu conjunto, com a mesma determinação: fazer do PSD o partido político com maior expressão eleitoral e maior identificação com o eleitorado do distrito de Santarém.
A nossa vontade é grande, a nossa ambição legítima, a nossa determinação inquebrantável. Afirmamo-nos com a força das nossas convicções e para unir o PSD e todos os que se revêem no projecto político dinamizado por este espaço de social democracia, sem retóricas balofas, sem demagogia, recusando o populismo.
Não somos oposição a nada, nem a ninguém – afirmamo-nos pela positiva, por causas, por ideais, por bandeiras, porque temos uma visão global, abrangente, esclarecida, sobre o distrito de Santarém, as suas carências, as suas potencialidades, as ameaças, as oportunidades, os grandes desafios emergentes.
Procuraremos encontrar as melhores soluções para os incontáveis problemas existentes, com real impacto na qualidade de vida das pessoas – a grande razão de ser dos partidos políticos – em áreas tão sensíveis quanto importantes, que vão da saúde à segurança, da agricultura ao
desenvolvimento industrial, do emprego ao ambiente, das políticas activas para fixar os jovens e desenvolver o interior, sem esquecer as enormes potencialidades que se abrem deste mundo globalizado e crescentemente urbano.
Ao longo dos últimos doze anos, o PS governa o país há nove anos. Em nove anos não houve políticas de incentivo ao desenvolvimento do interior do país, o tecido económico, verdadeiro motor das regiões, foi enfraquecido, as famílias atacadas com aumentos de impostos que quebraram promessas feitas, encerraram-se SAP’s de apoio nos cuidados de saúde primários, adiou-se a reforma dos centros de saúde, criou-se instabilidade na repartição de valências nos cuidados hospitalares do Médio Tejo, não houve coerência nem uma posição de rumo quanto ao futuro aeroporto internacional, iniciou-se um processo de reorganização do mapa
judiciário que poderá vir a implicar o desmantelamento de estruturas há muito existentes e muito necessárias junto das populações, fecharam-se escolas apenas pela lógica economicista, encerraram-se esquadras das forças de segurança, o desemprego teve aumentos significativos e
preocupantes, o futuro dos jovens está cada vez mais comprometido e difícil, faltam políticas mais fortes de apoio aos carenciados. Há um longo caminho a percorrer e o PSD tem de ser capaz de encontrar respostas concretas, concretas e realistas.
O governo do PS não está a ajudar o distrito de Santarém. Bem pelo contrário: faz o que não deve e não faz o que deveria. Procura criar simpatias com uma política de compra de associações e instituições, como se desejasse viver em permanente estado de graça, não obstante a desgraça
a que nos está a conduzir.
O PS de Santarém precisa de uma oposição à altura dos desafios. Uma oposição firme, frontal, combativa, esclarecida, que saiba o que quer e como quer fazer, que tenha propostas concretas para contrapor, que chegue à fala com as pessoas, que organize iniciativas descentralizadas de forte contacto com as pessoas, que não se limite a estar fechado em Santarém ou
a conduzir o partido a partir de Lisboa ou de Bruxelas.
O PSD tem, neste grupo de pessoas, um conjunto de quadros políticos fortemente identificados com os problemas do distrito, pessoas com elevada disponibilidade para trabalhar, massa humana que pensa, reflecte, propõe e executa.
O nosso compromisso é mais vasto do que cumprir as formalidades estatutárias, reunindo o mínimo possível com as estruturas, elaborando uma proposta de comunicado cujo conteúdo final já está feito mesmo antes de as bases se pronunciarem. Vamos romper com esta prática do passado recente.
É tempo de ouvir e estar ao lado das bases do partido, em todos os momentos, mesmo para além dos períodos de campanha eleitoral.
Queremos devolver a esperança de podermos obter novas vitórias eleitorais autárquicas, já em 2009, em municípios onde, no passado, não houve apoios visíveis, como se de um processo nebuloso de bloco central de interesses se tratasse. Queremos ser o partido mais forte para as
eleições legislativas. Temos ambição mas conhecemos os problemas com que somos confrontados e a situação difícil que iremos herdar. Uma situação de grande distância face aos nossos adversários socialistas.
Os militantes de Salvaterra de Magos têm direito a ter o mesmo apoio e as mesmas ferramentas de trabalho que os de Tomar; os de Rio Maior também têm direito a lutar pela vitória autárquica, tal como no Entroncamento; ou em Alcanena, como os de Ferreira do Zêzere; ou Torres Novas, Chamusca, Almeirim, Alpiarça, Barquinha, Abrantes, Golegã, Coruche ou Constância, têm o mesmo direito que os de Mação, Sardoal ou Santarém.
Não pode haver concelhias de primeira, a quem tudo é dado, sem negação de esforços, concelhias de segunda, onde jogamos para manter a honra, admitindo que o PS ou a CDU devem ganhar e ainda concelhias de terceira, que são abandonadas à sua sorte e destino mais que anunciado, onde alguns dirigentes até passam o tempo a elogiar os nossos adversários.
Com este grupo, isso vai acabar. Sabemos que somos incómodos e que vamos mexer em interesses há muito instalados. Queremos um partido livre, democrático, participativo, onde todos tenham os mesmos direitos à partida. Connosco, ninguém tem lugar cativo e não haverá
direito a perpetuação de mordomias sem justificação de trabalho feito.
Queremos os melhores, mais capazes, com mais talento, com provas dadas de trabalho efectivo no terreno, gente que faz, que faz acontecer, gente com provas dadas nas suas vidas de trabalho, gente que sabe o valor de um quilo de arroz ou o preço do bilhete de comboio entre o
Entroncamento e Santa Apolónia. Gente que conhece de facto a heterogeneidade do distrito, as suas diferentes matizes sociológicas e que tem uma estratégia para abordar o trabalho de campo.
Muito mais poderia ser dito, mas deixamos esse momento, de apresentação de uma moção, para dentro de alguns dias. Por agora, ficamos por este compromisso, por esta proposta, por estes rostos que significam um momento histórico na vida do partido.
Há mais de 15 anos que não se via duas listas a concorrer aos órgãos distritais do partido. Da última vez, o Engº José Eduardo Marçal venceu as eleições contra outro candidato. Tal como nessa altura, com ele ao nosso lado, candidato agora a Presidente da Mesa da Assembleia Distrital, estamos convictos de que vamos conseguir vencer. Cumprindo as disposições estatutárias, apresentamos listas a todos os órgãos do partido no distrito. Por isso, serão candidatos Rui Paulo Calarrão, para o Conselho de Jurisdição Distrital e, finalmente, para o órgão de direcção política distrital, a Comissão Política Distrital, João Moura.
Conciliamos neste projecto juventude e maturidade, ambição e sabedoria, impetuosidade e ponderação, utopia e realidade.
Somos um grupo equilibrado mas com um propósito solene: alterar a forma como se faz política no distrito de Santarém e, em particular, dentro do PSD, abrindo o partido à sociedade, interagindo com ela, permitindo a livre discussão de ideias, promovendo a reflexão colectiva, procurando perseguir princípios de obtenção de justiça, de liberdade, de solidariedade, de tolerância, de contributo cívico para as reformas necessárias, pela (res)sintonização com a comunidade, apelando à sua participação, convidando mesmo à sua participação, dando-lhe espaço de afirmação e trabalho.
Trabalharemos virados para o exterior, não descurando o interior do PSD. Criando espaço para que mais cidadãos possam aderir ao nosso projecto, estando ao lado da direcção nacional na redefinição do regulamento de quotas, trabalhando solidariamente com os órgãos nacionais e reclamando uma relação de lealdade sã, recíproca, aberta, de diálogo franco e trabalho em parceira, com os deputados actualmente em funções na Assembleia da República. É para nós um orgulho ter nesta equipa uma militante que faz também parte da direcção política do Dr. Luís
Filipe Menezes. É um sinal inequívoco da nossa sintonia com a nova direcção nacional do PSD, recentemente eleita. Temos ainda, entre nós, um eleito para o Conselho Nacional na mesma lista proposta pelo Dr. Luís Filipe Menezes.
É tempo de exigir…
…MAIS E MELHOR PARA O
DISTRITO DE SANTARÉM!
Pela equipa candidata,
João Moura
Para não sermos acusados de estar a ser facciosos publicando o manifesto, fica a declaração de candidatura de Vasco Cunha:
Exmos. Senhores Jornalistas,
Caros Companheiros e Companheiras,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Quero, antes de mais nada, agradecer a presença dos Senhores Representantes da Comunicação Social e saudar a presença de todos os militantes ou simpatizantes que aqui compareceram, num sinal que interpreto como de apoio e solidariedade.

Tal como afirmei há 1 ano atrás, a liderança do PSD distrital exige uma clara noção da sua agenda, quer no plano interno, da organização do Partido, quer externamente, garantindo a todos os nossos concidadãos que somos uma organização incontornável na estruturação política da região.

Na sequência das recentes eleições internas para a escolha directa da nossa liderança nacional – por cada um dos militantes do PSD – o Dr. Luis Filipe Menezes foi consagrado Presidente da Comissão Política Nacional do Partido Social-Democrata.

Ainda de acordo com os nossos Estatutos, a imediata realização do XXX Congresso Nacional – concretizado durante o passado fim-de-semana – determinou a eleição de novos órgãos nacionais, mandatados para executar a estratégia e a orientação política do PSD – aí aprovada – para os próximos 2 anos.

Tendo em consideração esta nova realidade política interna e atendendo ao facto de que – em 2009 – no plano externo, nos confrontaremos com um ciclo eleitoral extremamente exigente e determinante, com disputas eleitorais para o Parlamento Europeu, para as 21 Autarquias do nosso distrito e ainda para a Assembleia da República, solicitei ao Presidente da Assembleia Distrital do PSD de Santarém a realização antecipada de eleições para os órgãos distritais.

Caros Amigos,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Admito que esta decisão possa não ter sido compreendida por uma parte, ou por alguns dos militantes do distrito de Santarém, dado que as eleições para os órgãos distritais se realizaram há exactamente um ano, em 20 de Outubro de 2006, e que o actual mandato apenas ficaria concluído em Outubro de 2008.

Porém, não creio que possamos estar alheios àquilo que a vida interna do Partido nos determina. E, em boa verdade, seríamos completamente cegos e surdos se a isto não associássemos uma interpretação da nossa agenda externa.

A legitimidade para corresponder a um tempo novo no PSD que resultou das últimas eleições directas e do nosso último Congresso Nacional, assim como a necessidade de acertar o passo relativamente ao calendário eleitoral que o horizonte nos determina para todo o ano de 2009, só nos podem levar à conclusão de que é preferível devolver aos militantes do distrito de Santarém a decisão sobre o rumo que pretendemos imprimir, com responsabilidade, a esta exigente caminhada.

Aliás, também sei – e sabemos todos nós em nome da coerência política – que os ruídos de fundo ou os jogos de sombras não servem a acção determinada de quem tem de decidir.

Não era – por isso – difícil de adivinhar que a oportunidade da crítica se manifestaria rapidamente contra a nossa demissão, exactamente nos mesmos termos e proporção em que era previsível que se assumisse, com o mesmo tom e discordância, caso não tivéssemos assumido esta atitude.

Diz o povo que “quem não deve, não teme”, por isso, tendo consciência da responsabilidade desta decisão, assumi também imediata e publicamente a intenção da minha candidatura a Presidente da Comissão Política Distrital do PSD de Santarém, nas próximas eleições a realizar em 9 de Novembro, que agora – e aqui – concretizo.

Deste modo e no tempo oportuno, o PSD do distrito de Santarém fica em condições – através de eleições distritais – para se pronunciar, clarificar e posicionar face aos exigentes desafios e ás complexas opções que 2009 nos irá colocar.


Desde 15 de Julho – e já passaram 3 meses – que o PSD, nas suas concelhias e na sua distrital, não debate, não reflecte, não contribui, não participa nesta vida colectiva que é o distrito de Santarém.

Por isso, as próximas eleições distritais serão um momento importante na nossa vida interna. Não só porque elas constituirão o momento sereno em que todos os militantes podem participar no debate do “que queremos?” e para “onde queremos ir?”, mas também porque esta será a oportunidade onde todos se podem exprimir, com ideias e protagonistas.

Para esse efeito, já na próxima semana vou enviar uma carta a todos os Presidentes de Comissões Políticas Concelhias e aos Presidentes das estruturas autónomas, disponibilizando-me para apresentar as linhas gerais desta candidatura, quer em reuniões com as Comissões Políticas, quer em Plenários de militantes, quer ainda em reuniões informais que possam ocorrer com militantes e simpatizantes.

Todavia, esta será – também – a oportunidade para continuar a construir uma alternativa credível ao actual poder socialista na nossa região. Não devemos esquecer que o Orçamento de Estado para 2008 já se encontra no Parlamento para discussão e aprovação.

Caros Amigos,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Como tenho afirmado – o PSD não pode ser visto como um Partido da direita ou como um Partido populista. O nosso objectivo é reconquistar o centro do espectro político, de acordo com um projecto reformista – que o PS tem tentado imitar – mas que se tem revelado uma autêntica fraude política.

Os desafios que referi, só serão ultrapassados com sucesso se todos os militantes do distrito de Santarém estiverem empenhados, disponíveis e verdadeiramente alerta contra os pequenos interesses de alguns, para construir um PSD verdadeiramente genuíno, orgulhoso do seu passado mas com coragem para os combates políticos do futuro próximo.

Não estamos aqui para separar ou para repartir! A nossa missão é unir!

Não estamos aqui para prometer a lua aos marcianos, o Parlamento Europeu aos Presidentes de Câmara Municipal ou um qualquer lugar no Estado a um dirigente concelhio. Para promessas, propaganda e mentiras já basta o Partido Socialista.

Não basta reconhecer que o distrito de Santarém é o espelho eleitoral do país. É fundamental entender que o 2º distrito do país que mais municípios agrega tem de ser solidário nas suas opções, solidário nos seus defeitos e solidário nas suas virtudes.


Somos uma comunidade de 450 mil portugueses que tem de valorizar as suas especificidades. Saber viver com as suas diferenças. Valorizar o que temos de excepcional.

Rejeitamos assim o principio de que o interesse particular de alguns – num qualquer concelho do distrito – se sobreponha às prioridades e ao destino de um distrito de 21 concelhos. Seja em que concelho for…

A esses que assim se posicionam, aconselhamos a auto-crítica e a auto-avaliação. A avaliação do que fizeram e o que deixaram ou foram incapazes de fazer.

O que exigem sem que no passado alguma vez tenham assumido sequer necessitar.

O que agora lamentam sem que alguma vez o tenham afirmado com pública coragem…


Minhas Senhoras e Meus Senhores,

De acordo com o calendário político, não é previsível que nos próximos dois anos, sejamos confrontados com qualquer acto eleitoral.

Por isso, o mandato dos próximos órgãos distritais deve ser ajustado a este ciclo político e deve ter como lema a construção de “Um PSD forte onde 1 está por todos e 21 estão por um”.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Para este desafio que vos proponho, precisamos da dinâmica e da ousadia das Comissões Políticas Concelhias e de Núcleo, dos Autarcas e dos Deputados, da Juventude e dos Trabalhadores Social-Democratas, todos eles na primeira linha do protagonismo regional e local, prestigiando o Partido e disponíveis para resolver os reais problemas das populações.

Para tal, é por isso, para mim, uma renovada honra poder contar com o apoio de 2 militantes que, pelo seu passado no PSD, pela experiência e conhecimento profundos que têm do distrito e pelo protagonismo local e regional que assumem, estão dispostos a apoiar-me neste combate político.

Refiro-me aos Deputados Miguel Relvas e Mário Albuquerque, a quem agradeço o estímulo e a confiança, respectivamente candidatos a Presidentes da Mesa da Assembleia Distrital e do Conselho de Jurisdição Distrital do PSD.

Em conjunto com eles, creio poder afirmar que espero, sinceramente, no próximo dia 9 de Outubro, merecer a confiança dos militantes para poder levar por diante este manifesto eleitoral.

O compromisso que hoje volto a assumir com todos os militantes é o de ter sempre presente que pretendo ser o seu representante, com tudo o que isso implica, no respeito pelos princípios da democraticidade interna, da interpretação da vontade que – em cada momento – seja a que melhor responda aos seus anseios.

Deste modo, creio que a actuação do PSD no Distrito será eficaz na luta por uma sociedade mais justa e mais solidária, e em consequência mais coesa e mais desenvolvida.


Muito Obrigado.



Santarém, 20 de Outubro de 2007

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