22 fevereiro 2008

«Traz outro amigo também»


Recordo hoje, à distância de 21 anos, o dia em que um punhado de estudantes de Coimbra rumou a Setúbal para fazer a despedida ao Zeca.
Uma despedida feita com lágrimas e com canções que entoámos com o sentimento da perda de alguém que que era uma referêncio e um símbolo, mas também de alguém que sabíamos ser dos nossos, que em Coimbra vivera e cantara fazendo parte daquela que depois ficaria conhecida como a «geração de oiro» do fado de Coimbra.
E se recordo todo o percurso do adeus, há um momento que ainda hoje me arrepia quando o recordo. Foi o momento em que o Caixão descia à terra. A multidão apelava a que deixassem passar os estudantes empunhando a bandeira da AAC e cantando… sempre. Naquele preciso momento da despedida final a canção que surgiu espontânea pertencia ao álbum «cantigas do Maio». Chamava-se «eu fui ver a minha amada». O seu refrão assumia ali uma força que não deixava ninguém indiferente. Um coro de milhares de vozes ergueu-se a cantar «minha mãe quando eu morrer/ ai chore por quem muito amargou/ para então dizer ao mundo/ ai Deus mo deu, ai Deus mo levou».
Vem isto a propósito do espectáculo que o NO agendou para este domingo e que traz a Ourém o sobrinho de José Afonso para cantar algumas músicas menos conhecidas de seu tio.
Temas como: Pombas brancas; Com as minhas tamanquinhas; Papuça; Utopia; Um redondo vocábulo… Menos conhecidas mas não desconhecidas, são alguns dos temas que vamos ouvir num recital que nos propõe «um olhar diferente» e «intimista» da obra de Zeca Afonso.
Isto depois de uma primeira parte, também com temas de Zeca Afonso, que vai ser apresentado pelo jovens cantores do Coral Infantil e dos Romeiros da Academia de Música Banda de Ourém e de um trio composto pelo maestro José António Santos, acompanhado por João Nuno Oliveira e Vanessa Borges.
É o primeiro espectáculo que o NO apresenta, integrado no ciclo de comemorações do seu 75º aniversário.
Tendo como Mecenas a Tecnorém, as suas receitas vão juntar-se às de outros espectáculos que pretendemos organizar ao longo deste ano e, no final, reverterão a favor de instituições de solidariedade social concelhias, bem ao espírito do NO.
Os bilhetes vão estar à venda, no dia do espectáculo, no próprio cine-teatro mas foi com satisfação que constatamos o interesse manifestado, com pessoas, sobretudo que vivem fora do concelho, a contactar-nos logo na passada sexta-feira, assim que receberam o jornal, para reservar os seus ingressos.
Mas o cine-teatro de Ourém leva muita gente. Por isso e como diria o Zeca: «Vem, amigo vem/ e traz outro amigo também».
Os bilhetes já estão à venda no NO e na livraria «A Letra».

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