Foi apresentada durante as Festas da Cidade a Carta Arqueológica do Concelho de Ourém, que, segundo os seus responsáveis, mais que o ponto de chegada para o trabalho desenvolvido, é um «ponto de partida para o início de futuros trabalhos de investigação e de intervenção». Até porque «uma carta arqueológica deve ser perspectivada como um trabalho inacabado».
A apresentação da obra esteve a cargo de João Pedro Bernardes, ele próprio um dos intervenientes na sua elaboração.
João Bernardes começou por apontar a importância deste tipo de trabalho para o desenvolvimento concelhio, considerando que este «não tem que ser lesivo quer para o património natural quer para o cultural».
A carta começa por dar uma perspectiva física do concelho com os solos calcários a sul e as areias a norte. É devido a esta ambivalência, afirmou o orador, que a ocupação humana se manifesta bastante diferenciada.
È a toponímia e as lendas que nos trazem, muitas vezes, de forma sub-reptícia, informação sobre povos e feitos de outrora e em Ourém vêm destacar a presença moura, embora se considere uma ocupação do território do concelho mais antiga que a islâmica. Ourém terá funcionado sempre como fornecedora de matérias-primas, sobretudo sílex, para as terras vizinhas ao mesmo tempo que ia recebendo diferentes influências de povos que o ocuparam.
Aliás, Ourém afirma-se como uma terra de transição, entre Tomar e Leiria e vive muito do tráfego entre estas duas cidades desde antes ainda do período medieval, assumindo-se assim como terra de charneira.
Nesta carta arqueológica vamos encontrar um pouco a explicação do que Ourém é. E diz João Bernardes, «constata-se que não somos mais que uns inquilinos».
Considera ainda que a carta nos ensina «a olhar o passado» e por isso, o município dispõe agora de um instrumento «para os oureenses conhecerem melhor» a sua terra.
Também a coordenadora do projecto, Jaqueline Pereira salientou tratar-se de um trabalho que «só agora começou», cujos textos são interpretações do povoamento do concelho noutros tempos. Acredita que a metodologia seguida, com textos de vários autores, vem enriquecer a obra mas deixa claro que é preciso que os responsáveis políticos concelhios dinamizem a noção de comunidade e que os mais novos ouçam as histórias da sua terra porque são estes quem mais necessita de uma entidade. Essa tarefa, defende a arqueóloga, cabe à própria sociedade que não deve deixar perder a identidade colectiva que a une.
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