02 novembro 2006

Simone no aniversário da Quinta da Ramila

Simone foi a convidada especial no jantar do quarto aniversário da Quinta da Ramila onde distribuiu autógrafos no seu livro "Eu Simone, me confesso", declamou poemas e cantou com a sua voz e marcou presença de forma que não será esquecida.
Quase a completar cinquenta anos de carreira, a actriz de uma novela, cantora "vou gravar um disco" e que pretende fazer um espectáculo por este percurso nas artes e espectáculos designou-se como "uma mulher igual às outras".
"Quero continuar a ter as rugas que tenho e a saber envelhecer tentando não fazer disparates sobretudo não fazendo operações plásticas". Às suas palavras seguiu-se uma salva de palmas. Diz entender as operações plásticas por motivos de saúde, já não entende que raparigas "desatem a cortar-se. Não ficam mais bonitas, não ficam melhor", salienta.
Tem orgulho nas rugas que possui porque "se eu as tirasse, olhava para mim e não encontrava a minha vida, as minhas gargalhadas enormes, as lágrimas e as coisas magníficas que me aconteceram. Tirava de mim a minha história e, eu quero ver se consigo de pé, como as árvores, mas com uma bengala com bastão de prata, morrer".
Lembrou o ano de 1969 em que cantou a "Desfolhada" de José Carlos Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes, em que por não se lembrar da letra cantou que "quem faz um filho, fá-lo por gosto". O que lhe valeu insultos, além de outras situações menos delicadas. Simone de Oliveira não esqueceu Varela Silva, os filhos, os netos com quem gosta de jogar bowling, de ter tempo "para os meus amigos que são muito poucos" e de viver sozinha, na sua "solidão controlada".
A actriz, cantora, declamadora de poemas e que também escreve textos onde põe o "estado de alma" lembrou ainda que "os artistas portugueses são mal amados. Gostamos muito mais do que vem de fora. Gostava que soubessem que pintar a cara, estar sempre em exposição, pronta para responder às perguntas que fazem, às que não fazem e às coisas que dizem de nós em casa, sobretudo quando não são verdade, às vezes, pesa", salientou.
"À gente mais nova, eu digo vamos devagar, de degrau em degrau, nada de começar a casa pelo telhado. As fotografias das jornais são bonitas, as grandes manchetes, os romances de amor que as vezes saltam de um lado para o outro as vezes são feios … Mas se não se tiver humildade, se não se quiser fazer uma profissão com respeito próprio e com respeito pelo público, nada acontece", o conselho ficou dado aos potenciais artistas.
À quinta aniversariante
Confessou estar ali por amizade para com o amigo Jorge. Mas considerou o espaço "deslumbrante" e "magnífico". Ao longo da noite de aniversário desfilaram no palco, Ana Catarina Mendes, danças sevilhanas, a própria Simone e ainda houve espaço para uma homenagem à empresária Maria Lurdes Pedrosa, proprietária do espaço. Nas palavras que dirigiu aos 170 convidados: empresários, políticos e outras personalidades do concelho, região e do país.
"Adoro esta terra", salientou lembrando que veio de Lisboa para se instalar ali. Assinalou o trabalho e a luta nestes quatro anos e expressou o desejo que todos se sentissem em casa. "Ter sucesso exige uma grande confiança nos outros. Ninguém pode ter sucesso sozinho. Os outros são os mil braços que ajudam a a construir a vida de cada um. Acreditar é vencer", esta é uma parte do lema da Quinta da Ramila, restaurante e local de eventos.
À jovem artista
Sobre a jovem Ana Catarina Mendes que conquistou o segundo lugar no escalão da Grande noite do fado, no Porto, Simone de Oliveira que a havia ouvido ensaiar sublinhou a "voz bonita". A ela expressou votos de "tudo de bom, humildade, tranquilidade, serenidade e muitos bons cachets para comprar um automóvel".
Ela, Simone de Oliveira disse nunca ter tido essa possibilidade e acabou por "entrevistar" a jovem sobre a sua participação nesta gala de jovens talentos.
"Sorte e que nada lhe suba à cabeça", acabou por desejar à jovem fadista.
Simone de Oliveira (Lisboa, 11 de Fevereiro de 1938) é uma cantora, actriz de teatro e de televisão portuguesa.
Começou a cantar, ainda na escola secundária, tendo entrado para o centro de Preparação da Rádio que tinha como objectivo lançar novas vozes através da antiga Emissora Nacional.
Simone de Oliveira começa a destacar-se no final da década de 1950 e o auge da sua carreira atingiu com a interpretação em 1969 da canção Desfolhada portuguesa (1969), com letra de José Carlos Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes. Esta canção teve um enorme êxito nessa época, com uma letra que tocou os portugueses e participou no Festival Eurovisão da Canção, em Madrid. Apesar do sucesso interno, na Eurovisão não teve frutos (obtendo apenas quatro votos e um penúltimo lugar, apenas à frente da canção norueguesa).

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