No passado sábado, 25 de Novembro, assinalou-se o "Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres". Curiosamente, uns dias antes da efeméride, "O Templário" recebeu uma denúncia de um destes casos, a passar-se em... Ourém
O jovem que nos procurou prefere não se identificar "para não ter problemas". Procurou o nosso jornal porque quer trazer ao conhecimento público uma situação que considera "muito grave" e que se passa numa aldeia do concelho de Ourém. Fá-lo porque receia que um dia o pior venha a acontecer.
"Isto passa-se há quase 18 anos. Trata-se de um homem muito violento que bate na mulher e nos três filhos, dois deles menores", começou por denunciar. O homem, servente de profissão, tem problemas de alcoolismo e segundo a nossa fonte "cada vez que apanhava a dita cuja" ninguém descansa naquela casa. As ameaças e os actos de violência repetem-se cerca de três a quatro vezes por mês e a família já teve que receber tratamento hospital. "Bateu na sogra com uma vassoura e ela foi parar ao hospital. Nessa altura perguntaram-lhe se ela queria fazer queixa mas ela teve medo e não quis", explicou o jovem que adiantou que, finalmente, no passado mês, a família formalizou queixa na GNR de Ourém. A gota de água desta família - e que lhe deu coragem para avançar para a queixa - foi a "falta de paciência" porque o homem puxou de uma navalha e ameaçou de morte a mulher e os filhos. "É violento por natureza e com o álcool fica pior. Quando chega a casa bêbado ninguém dorme naquela casa", desabafa com conhecimento de causa.
Desde que foi feita a queixa, o homem nunca mais agrediu a família, apesar de ter ficado bastante incomodado com a denúncia. "A advogada dele – e porque isto é um crime de violência doméstica, um crime público - escreveu uma carta para a filha e mulher assinarem na qual desistiam da queixa, mas elas não assinaram e vão mesmo em frente", referiu, enquanto exibia cópia do documento.
"Ele nunca se mostrou arrependido do comportamento que teve... segundo me disseram começou a bater na mulher uma semana depois de ter casado", reforçou o jovem. "Venho denunciar este caso porque quero acabar com o sofrimento daquela família. Alguém tem que fazer alguma coisa e se isto não fosse denunciado nunca iria acabar", reitera.
O oureense já foi chamado a prestar declarações na GNR de Ourém. O processo, em fase de inquérito, está agora no Ministério Público de Ourém.
Quase 10 mil casos de violência doméstica foram registados em Portugal, de Janeiro a Setembro de 2006. Nos crimes domésticos, a vítima e o agressor vivem dentro da mesma casa, sendo os maus-tratos físicos e psicológicos os mais comuns.
Nos primeiros seis meses de 2006, a Polícia de Segurança Pública (PSP) registou um aumento de 1500 casos de violência doméstica, quando comparado com igual período do ano de 2005.
Contactos úteis
APAV – Instituição particular de Solidariedade Social
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Entre 2005 e 2006
37 Mulheres mortas pelos maridos
Entre Novembro de 2005 e o mesmo mês deste ano morreram em Portugal 37 mulheres vítimas de violência doméstica, revelou um estudo recentemente apresentado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).
O estudo, apresentado para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres (sábado, 25 de Novembro), é uma forma de denunciar e alertar as autoridades e a sociedade para uma situação preocupante em Portugal, disse Elisabete Brasil, presidente da UMAR.
Dotar a PSP e a GNR de gabinetes especiais para atender as vítimas e a realização de um trabalho de proximidade no terreno junto das várias associações são, no entender de Elisabete Brasil, outras formas de combater a violência doméstica.
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