25 janeiro 2007

17º aniversário da Quercus: Homenagem na despedida

O Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus assinalou a passagem de mais um aniversário, o 17º, na passada sexta feira, dia 19, no CEA - Centro de Educação Ambiental de Ourém

Na cerimónia que marcou mais um aniversário da associação, a Quecus homenageou a Arquitecta Paisagista Maria João Botelho, associada à criação do PNSAC - Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, área protegida que dirigiu durante muitos anos.
Presentes, entre outros convidados e amigos, estiveram o presidente da Câmara de Porto de Mós e o vice-presidente das Câmara de Ourém, bem como o novo director do Parque, José Manuel Alho.
O presidente do Núcleo, Domingos Patacho, começou por apresentar o Plano de Actividades para 2007 que pretende dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela associação.
Continuar o trabalho
Assim, vão continuar a ser dinamizados os programas educativos e os debates sobre diversos temas ambientais.
As Jornadas do Ambiente vão decorrer no mês de Abril, em Fátima e abordarão a temática da Mobilidade sustentável. Mas vai ser promovida, também, a semana da mobilidade, com uma apresentação sobre «o automóvel e a qualidade do ar».
Domingos Patacho apontou o facto de continuar o serviço de atendimento público, com disponibilização de informação ambiental.
Noutro âmbito, é pedido apoio à Câmara, ao mesmo tempo que o núcleo conta com o apoio financeiro de mecenas, para requalificar as instalações do CEA, no sentido de o dotar de estruturas ambientalmente mais eficazes e sustentáveis. Pretende-se a adopção de uma série de medidas que tornem a sede do núcleo mais eficiente do ponto de vista energético, com aproveitamento da energia solar para aquecimento do edifício, isolamento das paredes com cortiça e afundamento das janelas que permitam maior entrada de luz e calor naturais. Estas melhorias, de acordo com Domigos Patacho, «vão ao encontro das preocupações mundiais no que respeita ao combate das alterações climáticas e servirão como projecto demonstrativo nas acções de educação ambiental» dinamizadas naquele local.
Conhecer a região
Por outro lado, durante este ano, o núcleo vai promover algumas visitas a espaços naturais, abertas ao público, especialmente nas zonas de Sicó/ Alvaiázere e ribeira de Seiça que será objecto de duas visitas, previstas para os meses para monitorização da lampreia-de-riacho.
A associação vai continuar a fazer o acompanhamento dos projectos previstos para a região, na defesa do desenvolvimento sustentado. Assim, continuarão a ser denunciadas as situações que prejudiquem o meio ambiente e que, de algum modo, possam lesar a saúde das populações. Tal continuará a ser feito através do alerta às entidades competentes, no sentido de estas darem resposta aos problemas ambientais que possam afectar a região.
Homenagem na despedida
Apresentado o Plano de Actividades para este ano, seguiu-se a homenagem a Maria João Botelho que, no início do deste ano, deixou a direcção do PNSAC para assumir o cargo de sub-directora geral da DGOTDU – Direcção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbanístico. A direcção do PNSAC e da Reserva Natural do Boquilobo ficou, desde essa data, a cargo do oureense José Alho que continua também a dirigir o Monumento Natural das Pegadas dos Dinossáurios.
O primeiro a usar da palavra para homenagear a arquitecta, foi o presidente da Câmara de Porto de Mós que não quis deixar de estar presente para «testemunhar o apreço pela pessoa» e, «sobretudo, pela arquitecta e directora do parque». João Salgueiro considerou que Maria João Botelho «sempre tentou o equilíbrio necessário» entre as diferentes partes envolvidas nos processos, numa área particularmente sensível como o PNSAC onde se desenvolvem actividades como as das pedreiras ou da pecuária que muitos problemas levantam no que toca a questões ambientais. Ao mesmo tempo, o autarca aproveita para dar as boas vindas ao novo director, considerando tratar-se de «um substituto à altura».
Em representação da Câmara de Ourém esteve o seu vice-presidente que, apontando «o trabalho desenvolvido ao longo de 17 anos» pelo núcleo, Vítor Frazão considerou tratar-se «um trabalho ingrato mas necessário». Manifestou ainda satisfação por saber que a associação está a desenvolver um trabalho de levantamento do património cultural construído e deu os parabéns a José Alho pela assumpção do novo cargo, «numa casa que já não lhe é desconhecida».
De Maria João Botelho, defendeu tratar-se de «uma pessoa atenta, acolhedora e empenhada na resolução dos problemas, procurando tudo fazer para resolver as questões».
Desde já, Frazão deixa um apelo à sub-directora da DGOTDU: que «tente contribuir para a desburocratização dos planos de ordenamento do território», deixando-lhe o repto que provocou gargalhada na sala, «veja se fica na história!». O autarca justificou o seu pedido afirmando falta de agilidade dos instrumentos urbanísticos e apontando-a como «motivo de sofrimento para os munícipes e para os municípios».
O novo director do parque falou em nome dos colegas. «Não estando a representar formalmente o PNSAC, estou a representar a sua equipa quando a "chefe" está a ser homenageada». De uma forma informal, José Alho diz que toda essa equipa, ali presente, está «inchadíssima» pelo facto da Quercus reconhecer o mérito de Maria João Botelho, apesar das interpretações diferentes que muitas vezes existem entre as duas instituições.
Seguiu-se a oferta de um quadro de Gabriel Lagarto a Maria João Botelho que agradeceu à Quercus a homenagem que ali lhe promoveu. Começando por referir ter assistido ao nascimento deste núcleo da Quercus e da discussão que então se fazia em torno duma espécie única no país, a lampreia do riacho para apontar a forte actividade que tem marcado a associação. «Fomos aprendendo todos em conjunto e fomos estabelecendo equilíbrios», afirmou Maria João Botelho que considerou que o grande desafio está no facto do ambiente ser intemporal, fazer parte das nossas vidas e, por isso «as questões vão mudando». Nesse sentido recorda os seus 33 anos de trabalho na área do ambiente para reconhecer que «houve uma evolução espantosa com a consciencialização da população» para os problemas ambientais.
Tempos difíceis exigem criatividade
Maria João Botelho refere o tempo em que os defensores do ambiente eram conhecidos como «os maluquinhos» que, aos poucos, foram granjeando o respeito das instituições e das populações. Apontando as dificuldades financeiras dos primeiros tempo, diz que depois houve momentos melhores com a chegada dos fundos comunitários e, agora, «a estrada está de novo a apertar-se», pelo que se adivinham momentos difíceis, devidos, sobretudo, à falta de verbas, pelo que a responsável defende a necessidade de existir «criatividade».
Maria João Botelho vai continuar no caminho da defesa do ambiente até porque, como ela própria referiu, «só mudei de sítio», continuando a trabalhar para o mesmo ministério.
Quanto ao repto lançado por Frazão, a arquitecta fala da necessidade de tentar simplificar e compatibilizar sistemas, dentro da linha do «simplex» apresentado pelo Governo. Considera tratar-se de «um desafio que vai levar a grandes transformações nos próximos anos, no que se refere aos instrumentos de planificação».
No final, Maria João Botelho aproveitou ainda para, ao mesmo tempo que desejava felicidades ao seu sucessor, referir que este não é um novato, pelo contrário, é um conhecedor já que não é a primeira vez que dirige o parque.

1 comentário:

autsil disse...

Salvé!
Agradecia que Quercus começasse por responder a certos interlucotores deixados sem resposta há mais de um ano.
O vandalismo causado às Serras de Fátima não tem sido preocupação do Município de Ourém, antes pelo contrário acarinhado, porque fonte de rendimentos.

As pedreiras de Fátima são um câncro anunciador de descontentamentos.
A denúncia já foi feita mas certas ferramentas da informação acham melhor deixar no esquecimento.

As notícias de Fátima e sobre Fátima são insuficientes...e nao ajudam os Fatimenses.

Espero que grandes nomes como FRAZÃO, liderem com mais justiça e fora com a trapalhada que tem desgovernado durante estes tempos. A.Lopes