31 agosto 2007
Livro de Mapone relata Guerras intestinas
"Não era bom esquecer, durante o dia, passar a noite na terra dos outros", repetia o povo há mais de seis décadas. A frase traduzia antigas "batalhas" na posse administrativa da Charneca do Algar d`Água, limite do concelho de Batalha com o da então Vila Nova de Ourém.
As origens deste episódio da história local remotam ao século XVIII. Manuel Poças das Neves, Mapone partiu dos testemunhos orais, juntou-lhe a "verdade dos documentos" e passou para o papel a "Charneca do Algar d`Água - História duma guerra intestina no concelho da Batalha (1882-1940) - suas origens e consequências".
"Era necessário esclarecer e repor a verdade dos factos", esclarece o autor referindo-se que daqui a algumas gerações já ninguém saberá, por tradição oral, o que ali se passou. Em causa está a divisão dos limites entre os dois concelhos na parte que liga a Giesteira à Moita de Ervo e que levou à intervenção da Guarda Nacional Republicana. Houve inclusive episódios de pancadaria e tiros no meio desta disputa das delimitações entre os dois territórios. Em 1940, a questão haveria de ficar sanada.
Além da história da contenda, escrita pela mão de Mapone são incluídos documentos vários, transcritos dos Arquivos das autarquias e da própria Administração. O autor apresenta ainda pistas e fontes de investigação para que outros, quem sabe, investigadores a fazer teses de mestrado.
No prefácio, o historiador Joaquim Veríssimo Serrão, refere que o autor "fará, no decorrer das páginas do livro, do que ouviu contar desde a sua meninice, um autêntico monumento à memória dos povos envolvidos".
"O autor concede toda a limpidez nas páginas deste apreciado livro histórico", refere ainda.
O livro foi patrocinado pela câmara municipal da Batalha. António Lucas, presidente da autarquia realçou o investimento na publicação de livros, como "forma de perpetuar memórias e raízes".
A obra está à venda na "Papelaria Gomes" em São Mamede, "Verdade e Vida" e "Loja do Francisco" em Fátima. Pode ainda ser adquirido em Santa Catarina da Serra e no Reguengo do Fétal.
O livro vai ainda ser distribuído nas várias escolas destas freguesias de forma a permitir que os alunos "se debruçassem, estudassem e conhecessem a génese das freguesias". Isto num tempo em que "cada palmo de chão era disputado".
Mapone está já a preparar um novo livro, "Trezentos livros escolhidos", um conjunto de textos escritos por si e publicados em diversos órgãos de comunicação social com os quais tem colaborado ao longo dos anos. São textos que reflectem o "gosto de escrever" e da investigação que tem feito.
O autor
Mapone é o pseudónimo de Manuel Poças das Neves, natural do Reguengo do Fétal e residente em Fátima.
Fundou e dirigiu durante dez anos "O Jornal do Reguengo" e desempenhou funções d director-adjunto de "O Compadre Alentejano", publicado em Vila Viçosa, no pós Revolução do 25 de Abril.
No seu percurso incluiu-se a passagem pela Região de Turismo de Leiria enquanto secretário-geral (1983-1993) e responsável e promotor das Grutas de Mira de Aire desde a abertura ao Turismo em 1974 até 1996, quando atinge a idade de aposentação.
Possui carteira de jornalista de turismo, é confrade e co-fundador das Confrarias gastronómicas do Minho (Viana do Castelo) e da Morcela de arroz da Alta Estremadura (Leiria), Confrade de mérito da Confraria gastronómica Panela ao lume (Guimarães).
Tem-se interessado particularmente por assuntos gastronómicos e culinários, com vasta colaboração dispersa em publicações além de livros publicados.
Em 1993, foi agraciado com a medalha da ordem de Lieber Augustin (Áustria). Em Agosto de 1997, recebeu a medalha de mérito municipal do concelho de Batalha. Em Junho de 2005 foi agraciado com a medalha de mérito municipal do concelho.
Entre os 14 volumes publicados encontram-se três relacionados com a gastronomia da região de Leiria. O último dos livros publicados é sobre o "Fundão – terra do bom queijo".
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