22 dezembro 2005

Reconhecimento a quem partiu inesperadamente


Foi em Maio de 1985, na primeira deslocação ao estrangeiro do "Chorus Auris", a Tours (França), que conheci o Abílio Aquino.
Acompanhava aquele agrupamento por um acaso da sorte (a viagem constituía o prémio de um sorteio organizado para custear a deslocação) e ele, como elemento integrante da Direcção da altura designada Banda de Vila Nova de Ourém, na qualidade de representante de outro dos agrupamentos desta colectividade, a Orquestra Típica.
Algum tempo depois assumi um papel mais interventivo na vida desta associação, passando a integrar os seus órgãos sociais, enquanto Abílio Aquino, por motivos profissionais que o conduziram ao sucesso empresarial por todos reconhecido, teve de se desligar da Orquestra Típica, nunca deixando no entanto de colaborar com esta colectividade, actualmente designada por Academia de Música Banda de Ourém (AMBO).
Quando há cerca de quatro anos começou a ganhar corpo, na AMBO, a ideia de dotar esta colectividade de uma nova sede, desde logo, Abílio Aquino se disponibilizou para integrar este projecto.
Mantivemos a partir daí um contacto mais regular, que mais se acentuou quando aceitou integrar os órgãos sociais da AMBO, passando a presidir ao Conselho Fiscal, a partir do Mandato de 2002-2004.
Estreitaram-se deste modo as nossas relações pessoais, ao mesmo tempo que algumas ligações profissionais se cruzaram, tendo tido assim o privilégio de acompanhar mais de perto o modo como desenvolvia a sua actividade, como coordenava as várias frentes de actuação em que se desdobrava.
O modo como articulava a sua actividade enquanto gestor empresarial, com a actividade associativa, ao nível do desporto (Juventude Ouriense, a cujos órgãos sociais pertencia há alguns anos, primeiro na Direcção e actualmente no Conselho Fiscal), da cultura (AMBO, a que já se fez referência) e empresarial (AECOPS – Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas) com a vivência familiar, em particular nos aspectos relacionados com a suas filhas, cujas actuações enquanto integrantes do Coral Infantil/Juvenil da AMBO fazia questão de acompanhar sempre, constituíam indicadores claros de uma grande capacidade de organização e uma dinâmica fora do vulgar.
De uma postura profundamente discreta, preferia sempre a retaguarda em detrimento da exposição pública dando disso mostra mais uma vez no último dia em que estivemos juntos, a 11 de Dezembro, no Concerto de Natal da AMBO, optando por não subir ao palco, no momento protocolar, como quase sempre. Contudo, jamais se escusava a expressar a sua opinião sobre as questões que entendiam colocar-lhe, quer relacionadas com os negócios, quer sobre a actividade associativa, quer sobre aspectos relacionados com a comunidade. As suas opiniões transmitiam uma confiança muito grande a quem as solicitava para poder avançar no processo decisório.
A morte representa sempre um momento difícil em quaisquer circunstâncias. Um corte na vivência diária. No caso concreto, o desaparecimento inesperado de Abílio Aquino, constituiu um choque tremendo para todos aqueles que com ele privaram. A disposição e empenho profissional que manifestava eram sinais do seu envolvimento na actividade empresarial.
A experiência que tinha adquirido e a sua juventude, aliadas a uma capacidade de liderança muito grande, faziam prever um brilhante futuro a esse nível de que as manifestações públicas dos que foram seus parceiros mais directos enquanto gestor de várias empresas são o testemunho evidente.
A nível empresarial caberá à sua família e aos seus colaboradores assumirem o papel que ele desempenhava de forma a que os projectos que tinha ajudado a delinear se possam concretizar. O sucesso das empresas a que estava ligado será uma das melhores forma de honrar a sua memória. São esses os meus votos.
As associações e instituições a quem nunca recusou colaboração, quer pessoal quer material, irão aperceber-se, ainda mais, de quão importante era essa colaboração. Espero que consigam transmitir aos seus associados e participantes o espírito de que é possível fazer um percurso de vida de sucesso sem atropelar os outros e colaborando desinteressadamente para que todos possam ter uma vida mais digna e com mais qualidade. Ajudariam a cumprir o projecto de vida de Abílio Aquino.
Por último, uma palavra de afecto e solidariedade àqueles para quem a perda foi mais dolorosa, a sua Família e de modo muito particular a esposa Célia e as suas filhas.
Avelino Subtil

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