No sábado passado, em Tomar, as questões relacionadas com os três hospitais foram debatidas na presença do Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Os resultados dessa reunião aqui apresentados resultam de uma parceria do NO com o jornal nabantino «O Templário».
Foram quase quatro horas de debate sobre o Centro Hospitalar do Médio Tejo. Na Assembleia da Comunidade Urbana do Médio Tejo realizada no Sábado, dia 1, em Tomar, foram muitas as perguntas apresentadas, tendo algumas delas ficado sem respostas.
Gomes Branco, Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, era o convidado da reunião e foi o interlocutor dos deputados e do público.
Aquele responsável recusou-se a adiantar algumas das decisões que estão a ser tomadas a nível ministerial, mas deixou no ar que estão previstas profundas mudanças no sector da saúde, nomeadamente em relação às contratações dos médicos e à sua mobilidade.
Referiu-se ainda a problemas de administração a nível intermédio no Centro Hospitalar, deixando no ar a ideia de que brevemente haverá mudanças.
Nestas questões Gomes Branco argumentou com a necessidade de reservar informação.
A falta de recursos humanos no Centro Hospitalar do Médio Tejo e a necessidade de rentabilização de recursos nas três unidades hospitalares (Tomar, Torres Novas e Abrantes) foram aspectos sublinhados por vários intervenientes ao longo da reunião.
Para começar Gomes Branco começou por fazer um historial do processo de construção dos três hospitais, a criação do Centro Hospitalar, a transformação em empresa pública e a aplicação do programa funcional aprovado em 1998.
A ideia inicial, lembrou aquele responsável, era que a urgência fosse centralizada em Abrantes, ficando Torres Novas com as especialidades médicas e Tomar com as especialidades cirúrgicas.
Gomes Branco reconhece que, de 2003 a 2005, foram feitas grandes melhorias na articulação entre os três hospitais, a nível informático, contabilístico e de comunicação, mas houve uma estagnação nos planos de complementaridade.
Faltam recursos humanos
O processo "tem sido desenvolvido com alguns ajustes" mas "não tem sido fácil" devido sobretudo à falta de recursos humanos e aos constrangimentos legais na contratação e mobilidade de médicos. Com a reforma da administração pública tais obstáculos jurídicos vão desaparecer, sendo possível o mesmo médico trabalhar em qualquer um dos hospitais, de acordo com as necessidades.
O deputado Anacleto Baptista (PSD), do Sardoal, denunciou a "realidade triste" que é para quem vive nesta vila ter de visitar um doente em Torres Novas ou em Tomar dado que não há transportes públicos. Questionou sobre a eventual saída da neonatologia do hospital de Abrantes, informação que Gomes Branco desmentiu.
Em relação ao investimento que foi feito na área da urologia em Abrantes, especialidade que agora funciona em Tomar, Gomes Branco referiu que o equipamento é facilmente adaptável em qualquer hospital.
Na perspectiva deste responsável "os três hospitais devem funcionar como se de um se tratasse", mas para tal é necessária uma melhoria no transporte de doentes, reconhece.
José Vaz Teixeira (CDU), médico de profissão, e João Simões (Independentes) elencaram várias perguntas sobre o funcionamento do centro hospitalar e a distribuição de valências.
António Mor (PS), de Abrantes, questionou sobre o porque de não se fazerem partos sem dor na maternidade abrantina facto que poderá estar na origem da redução do número de partos, com a deslocação de parturientes para Leiria e Coimbra.
Para Gomes Branco "em Abrantes há uma maternidade excelente", mas "há uns anos havia 17 obstetras, neste momento há 11 e daqui a uns meses provavelmente só terá nove"
Aliás a falta de recursos humanos em várias especialidades foi a principal lamentação de Gomes Branco, que fez questão de separar a sua opinião pessoal com a sua opinião enquanto presidente da ARS.
Na sua opinião a turbulência, a falta de serenidade na comunidade atrasa os processos de complementaridade, dificultando a implementação de medidas.
Nelson Baltazar (PS) também questionou acerca da quebra do número de partos no Médio Tejo e reconheceu uma melhoria na qualidade dos serviços de saúde na região comparativamente há 30 ou 15 anos trás.
António Paiva, presidente da Comunidade Urbana do Médio Tejo perguntou directamente ao presidente da ARS se têm sido difíceis de implementar as mudanças a nível interno, facto que Gomes branco confirmou.
Destruir os três hospitais e construir um novo
Rui Picciochi (PS), de Vila Nova da Barquinha agitou a discussão quando perguntou à Assembleia sobre a hipótese de se "deitar abaixo os três hospitais e construir um novo".
A este propósito, Gomes Branco recordou que, em meados dos anos 90, quando reuniu com a ex-Ministra da Saúde Maria de Belém para definir a construção dos hospitais de Torres Novas e Tomar, assumiu que "as duas obras não deviam ser feitas".
Em entrevista ao Jornal "O Templário", o presidente da ARS reconhece haver "grande dificuldade quer em recursos humanos quer financeiros".
Esta situação vai implicar que, por exemplo, em relação à pediatria "é muito provável que o internamento e a urgência sejam, centralizados no mesmo local", ou seja, em Abrantes, onde funciona a maternidade. As previsões apontam para a necessidade de transferência de uma a duas crianças por noite para Abrantes.
Na parte final da reunião da Comunidade Urbana do Médio Tejo, intervieram alguns cidadãos no período reservado ao público. Duas mães de Tomar questionaram Gomes Branco sobre o encerramento da urgência pediátrica e do internamento no hospital de Tomar.
Uma médica pediatra de Torres Novas e o presidente da Comissão de Utentes da Saúde colocaram outras questões designadamente sobre o impacto das medidas que estão a ser tomadas.
Manuel José Soares, daquela comissão, vai mais longe e propõe que, tal como é obrigatório para qualquer empreendimento imobiliário um estudo de impacte ambiental, também no campo do saúde, deveria haver estudos de impacte social quando houvessem alterações nos serviços dos hospitais.
Mudanças na administração do Centro Hospitalar
"O Templário" confirmou junto de Gomes Branco que se avizinham mudanças na administração do Centro Hospitalar, mas sublinha que "não está em causa o presidente", Silvino Alcaravela. Ou seja, as alterações deverão passar pelos vogais do conselho de administração e pelos directores dos hospitais.
Quanto a prazos, Gomes Branco afirma que a reestruturação da Administração do CHMT deve ser feita "o mais depressa possível". "Tenho esperanças que seja feita ainda em Julho", acrescenta.
José Gaio
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