06 julho 2006

A saúde em discussão

O encerramento da urgência pediátrica em Tomar e em Torres Novas e as reestruturações que se esperam no Centro Hospital do Médio Tejo que envolve os Hospitais de Tomar, Torres Novas e Abrantes, que também servem o concelho de Ourém, têm motivado diversas movimentações de populares quer em Tomar quer em Torres Novas.
Este assunto foi agora levado à Assembleia Municipal de Ourém por Tavares Lopes. O deputado Municipal do PSD é o representante de Ourém no conselho consultivo do Hospital de Torres Novas. O objectivo da sua participação neste órgão é o de discutir, como parte interessada nas questões da saúde, os problemas do concelho de Ourém.
Na informação prestada à AM, afirma Tavares Lopes que «todos sabemos que o nosso concelho será dos mais prejudicados do distrito nesta matéria, nomeadamente, pelas deslocações que os seus munícipes têm de fazer para serem curados dos seus males, ora para Tomar, ora para Torres Novas, Abrantes ou Leiria».
O autarca refere posições que têm vindo a ser tomadas noutros concelhos e questiona sobre a posição de Ourém nesta matéria, enquanto parte interessada na discussão.
Afirma que as suas preocupações são grandes e diz pensar que «ao ser eleito seria a voz desta Assembleia e, por conseguinte, deste concelho no dito Conselho Consultivo que, afinal, não terá mais que o nome, já que até ao momento nunca fui convocado para qualquer reunião, ou consultado para dar a mais simples das opiniões». Por isso e porque «não quero ser acusado amanhã» por «não querer saber da situação», o deputado solicita à presidente da AM que «junto dos responsáveis, procure saber as verdadeiras razões porque não nos chegou, até ao momento, qualquer convocatória».
Parlamento vai ouvir
administração hospitalar
O deputado do Bloco de Esquerda (BE), João Semedo, apresentou, no passado dia 20 de Junho, uma proposta no sentido de que sejam ouvidos pela Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia da República, os responsáveis hospitalares do Médio Tejo.
"Está em curso uma reestruturação do Centro Hospitalar do Médio Tejo, instituição que integra os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas. Segundo os seus responsáveis, este processo procura estabelecer uma adequada articulação entre aqueles hospitais, através de um melhor aproveitamento dos recursos e meios disponíveis em cada uma daquelas unidades" – argumentava o deputado do BE no documento apresentado e que também fez chegar às redacções dos jornais. "Não se duvida da complexidade do problema, tanto mais que na origem da construção daquelas unidades estão sucessivos erros de planeamento quanto à missão, programação e dimensão de cada uma delas. É um processo que se arrasta, multiplicando-se as indefinições quanto ao modelo de funcionamento do Centro Hospitalar e ao papel a desempenhar por cada um daqueles três hospitais, nomeadamente, quanto às especialidades a manter, desactivar ou criar em cada um deles; ao número, natureza, valências e localização dos serviços de urgência; ao sistema de circulação e transporte dos doentes; e, também, quanto à sua articulação com a rede dos centros de saúde", acrescenta o mesmo documento
João Semedo acrescentava ainda que em todo este processo tem havido falta de informação, com os responsáveis hospitalares a dizerem que estão a aguardar decisões superiores.
"Neste contexto, é natural que cresçam, entre a população, sentimentos de insegurança e intranquilidade quanto ao futuro do Centro Hospitalar, ambiente que explica as múltiplas movimentações de utentes daqueles concelhos em defesa do acesso e da qualidade dos serviços públicos" – afirma o deputado do BE que concluiu requerendo uma audição pela comissão parlamentar de Saúde dos presidentes da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e do conselho de administração do Centro Hospitalar.
Aguarda-se agora a marcação desta reunião na esperança que a situação possa ser clarificada e as populações esclarecidas.
O loby abrantino
Na semana passada, em reunião da Assembleia Municipal de Tomar, os deputados daquela cidade debateram acaloradamente, durante duas horas as questões hospitalares, em particular as que se prendem com o encerramento da pediatria em Tomar e com uma vigília que a população havia organizado dias antes, junto àquele hospital. Um dos momentos quentes da discussão foi quando o deputado Luís Ferreira (PS), deu a entender existir em Abrantes um «loby» forte, recordando que Silvino Alcaravela, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo e o secretário de Estado da Saúde são de Abrantes.
Enquanto isso, o presidente da Câmara de Tomar defendia a manutenção de todo o tipo de urgências no hospital da cidade e que as caras das três cidades onde existem os hospitais e o Ministério da Saúde devem procurar uma solução para o transporte gratuito de doentes, incluindo os que vão às consultas externas e os familiares dos doentes internados quando os visitam. Defende António Paiva que a solução passaria pela criação de um transporte, do tipo urbano que passaria de hora a hora pelos três hospitais.

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