20 julho 2006
UMA QUESTÃO DE (BEM) QUERER
Quando me informaram que o Notícias de Ourém fazia a bonita idade de 73 anos, embora não seja colunista do jornal decidi alinhavar meia dúzia de linhas para celebrar o aniversário. Por vários motivos.
O primeiro porque é sempre agradável e animador fazer anos, é mais um em que "cá andamos" apesar das cada vez maiores dificuldades em aguentar o esqueleto sem dar cabo da coluna, dia a dia mais carregada e agredida nos tempos que correm.
Outro, por que se trata duma Instituição com marcada vertente social – é património dos pobres da Freguesia de N. Sra. da Piedade – o que, por si só, lhe dá uma razão de ser acrescida.
Outro motivo ainda e para mim o mais relevante, dadas as circunstâncias, é estarmos a falar da desde sempre tão maltratada Imprensa Regional.
Celebrar uma existência de mais de setenta anos num País em que este género de imprensa foi sempre "o patinho feio" da comunicação escrita, é não só motivo de natural regozijo como também o deverá ser de sincera homenagem a todos quanto, ao longo destas mais de sete décadas deram o seu empenhado contributo para esta obra.
Ainda pensei em fazer pesquisa nos arquivos para elencar as situações historicamente mais marcantes, mas pus a ideia de lado pela falta de tempo e pensar que esse trabalho deve ser deixado para "quem está por dentro".
Limito-me assim ao genuíno prazer de, como leitor, ter para com a palavra escrita dos periódicos de Ourém, a atitude solidária de agradecimento e ânimo forte na luta constante pela sobrevivência. Que vai sendo conseguida à custa dos mesmos sacrifícios de sempre, da mesma "carolice", embora por contraponto o progresso tenha aparentemente criado melhores condições.
Mas o homem que com uma mão gera o progresso, com a outra gere as oportunidades, distribuídas com o costumado e escandaloso desequilíbrio: Os grandes nacos para meia dúzia de instalados e um punhado de migalhas para os restantes.
E a Imprensa Regional (que até parece filha de um Deus menor), dividindo ainda as migalhas, tem de em permanência fazer das tripas coração para sobreviver e cumprir a sua nobre missão.
E apesar de todos os pesares continua, porque sabe que no terreno em que (sobre) vive faz falta e por isso, não abdica de levar ao seu público específico a informação e opinião essencialmente locais.
É uma questão de (bem) querer, que se destina a todo um mundo característico de leitores do perto e do longe, que com regularidade pendular aguardam a chegada do seu jornal.
A imprensa Regional só por piada de mau gosto poderá importunar os jornais nacionais de grande circulação, antes os complementa e preenche com naturalidade as lacunas por eles deixadas. Atesta-o o facto de as pessoas comprarem o jornal diário ou/e semanário e, em simultâneo, assinarem o ou os jornais da sua terra.
A Imprensa Regional é, no seu conjunto, um serviço público que curiosamente (ou talvez não) funciona à margem do Estado, que por razões que a razão não conhece nunca foi acarinhado.
Daí o esforço tremendo a que metem ombros os poucos que teimam em levar a muitos, o muito que há para dizer com o pouco de que se dispõe.
E quando, como no caso presente, se pretende sobreviver com o objectivo de minorar a pobreza, celebremos este e os vindouros aniversários.
De peito cheio. Solidariamente.
Luis Silva Rosa - Pres. Ass. Reformados e Pensionaistas de Ourém
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