10 agosto 2006

Chamas voltam ao norte



O norte do concelho voltou a viver momentos de aflição com o fogo que deflagrou, na passada segunda-feira, na freguesia de Rio de Couros e que, rapidamente chegou a zonas habitacionais.
O alarme foi dado pouco passava das 13h00, na localidade de Carvalhal, Rio de Couros. No início o fogo foi combatido apenas pelos bombeiros de Ourém que com muita dificuldade conseguiam dar resposta aos muitos chamamentos que eram feitos. Aguardava-se então a chegada de dois grupos de uma coluna estacionada em Ferreira do Zêzere e Sardoal. Mas enquanto estes não chegaram, foi preciso muito sangue frio e capacidade de coordenação. E o segundo comandante dos Bombeiros de Ourém, Carlos Cravo esteve à altura dos acontecimentos, honra lhe seja feita. Por muito que se critique a actuação dos bombeiros e se aponte descoordenação, a verdade é que presenciámos, no local, as dificuldades vividas por quem queria acudir mas não tinha homens, nem meios e nem água suficiente, mas mesmo assim ia resolvendo as situações mais complicadas.
Eram menos de meia centena os soldados da paz que combatiam as chamas com apenas 9 viaturas de ataque e dois autotanques, para além dos veículos da coordenação. Muito pouco para tanta chama e, no entanto, nenhuma habitação ardeu. Arderam alguns barracões e houve que evacuar alguns animais e bens. Mas no essencial, as vidas e as casas estiveram sempre salvaguardadas.
O fogo parecia brincar com os bombeiros. Ou porque o vento transportava as fagulhas incandescentes ou por outras razões que não nos cabe invocar, a verdade é que constantemente surgiam novos focos de incêndio em pontos distintos. E foi um corrupio. Por volta das 15h00, junto do comando, aperce-bíamo-nos que o apoio vinha a caminho. Mas, enquanto isso, Ourém lutava sozinho. O vento que inicialmente levava o fogo para nascente começou a soprar de norte e dirigiu as labaredas para Rio de Couros. Viveram-se os momentos mais complicados do dia, com a chamas a lamber várias habitações.
Mas, como dizia o 2º comandante distrital, Rui Natário, que entretanto chegou ao teatro de operações, assumindo o comando, foram «cerca de seis horas e meio de incêndio que os meios combateram muito bem».
No total, estiveram envolvidos cerca de 120 bombeiros com 40 viaturas, um helicóptero nos primeiros momentos e depois, quando o fogo se dirigiu para Rio de Couros, também um avião Dromadero.
Bem esteve também a GNR que fez o controle rodoviário. Com 35 militares no terreno, incluindo o comandante do Destacamento Territorial, esteve sempre ligada às habitações em risco, auxiliando em trabalhos de evacuação de animais e de bens, em anexos e barracões.
De referir também o trabalho desenvolvido por muitos populares que com água, enxadas e ramos, ajudaram no combate. Mas se estes são de louvar, não podemos deixar de, mais uma vez, criticar os muitos outros, mirones, que ocupam as estradas e as bermas, dificultando o trabalho dos que tentavam combater as chamas.
Também mais uma vez há que apontar a falta de limpeza dos matos em volta das casas. É preciso que as pessoas percebam, de uma vez por todas, que, muitas vezes, está nas suas mãos impedir os sustos maiores. A lei é clara e é obrigatório limpar 50 metros em torno das habitações. Mas aquilo a que assistimos sempre que há um fogo é que as pessoas não respeitam a lei, os quintais amontoam produtos altamente combustíveis e, quando o fogo chega é mais fácil acusar os bombeiros porque não estão em todo o lado.

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