08 março 2007

Assembleia animada


Foi uma reunião diferente, a da Assembleia Municipal e Ourém que teve lugar na quarta-feira, dia 28 de Fevereiro. Três convidados marcaram o início da sessão para virem falar de assuntos que estão a afectar a realidade oureense e responder a algumas questões dos deputados.
Outra diferença importante e, por isso digna de ser salientada, foi a presença invulgar de muito público na assistência. Tratava-se, na maioria de professores que ali foram para assistir à discussão da carta educativa do concelho. Tratava-se do ponto agendado que prometia maior controvérsia mas que foi retirado da ordem de trabalhos. Na base desta decisão está o facto da mesma não ser consensual com as directrizes apontadas pela Direcção Geral de Educação. Coube ao presidente da Câmara explicar as razões porque este ponto acabaria por ser remetido para uma outra reunião, extraordinária, a realizar a curto prazo.
O mesmo acabaria por acontecer com outro ponto da ordem de trabalhos: a aprovação de um empréstimo a contrair pela Câmara. Aqui a razão do adiamento deveu-se a uma falha na preparação da reunião, acabando por faltar documentação necessária para que os deputados pudessem perceber a situação no seu todo para poderem decidir.
A carta educativa
Tendo sido adiada a discussão deste assunto, importa compreender o que está em causa. Essa explicação foi dada pelo presidente da Câmara. Diz Catarino que «no passado, tomamos posição, defendendo a manutenção dos agrupamentos horizontais, em reconhecimento pelo seu bom trabalho». Agora, «é-nos dito que as orientações são para verticalizar», explica o autarca que diz também que «Fátima poderá ser a excepção». Ora, esta é uma situação que «não merece o nosso acordo» e «a proposta de carta educativa tem que trazer uma solução porque vai à Direcção Geral e, se não é aprovada, estamos a perder tempo».
Ainda a propósito deste assunto, interviu o presidente da Junta de Freguesia do Olival, «a propósito dos rumores de encerramento do Agrupamento do Olival», para defender o reconhecido trabalho que este agrupamento tem vindo a desenvolver. Recordou o apoio que a Junta lhe tem vindo a dar «para permitir o seu funcionamento em boas condições». Diz José Maria Sousa que «temos a consciência, e é reconhecido por todos o trabalho desenvolvido pelo agrupamento ao longo dos anos». Tempo durante o qual «trouxe ao Olival grandes nomes do ensino, promoveu múltiplas parcerias internacionais, levando longe o nome do Olival e do concelho». Por isso, o presidente da Junta de Freguesia considera que «isto é uma vergonha» quando «se sabe que o ensino é uma das grandes lacunas do país e, afinal, querem aniquilar uma unidade de desenvolvimento formativo que tão bem tem funcionado».
Fátima e o turismo
da região
Mas, o primeiro a intervir nesta Assembleia foi Miguel Sousinha, presidente da RTL/F. Debruçando-se sobre a fusão das regiões de turismo, Sousinha disse que tudo faria para que o nome "Fátima" fizesse parte da designação da nova entidade. Até porque, afirmou, "num estudo do ICEP chegou-se à conclusão que Fátima era, no mercado Americano, mais conhecida que Portugal". Sobre o PENT - Plano Estratégico Nacional do Turismo e sobre a polémica da exclusão do turismo religioso como um dos produtos estratégicos a promover pelo Governo, Sousinha referiu "tudo ter feito para a alteração do documento orientador", o que não veio a acontecer, surgindo o turismo religioso como um sub-produto do turismo cultural. Depois de ouvir as intervenções, contestatárias, de alguns deputados, o presidente da Região de Turismo defendeu-se afirmando que as regiões de turismo mais não fazem que cumprir e, na actual lei-quadro, estas tem apenas a seu cargo a promoção interna, embora devendo colaborar na promoção externa das suas regiões. Discordou das acusações que lhe foram feitas de que Ourém não estava a ser promovido no seio da região, considerando que, em 2006, Fátima foi a principal marca da região, tendo-lhe sido atribuídos 300 mil euros. Agora, diz, os operadores que visitam Fátima são também levados a conhecer o resto da região. Para confirmar a aposta que é feita em Fátima refere que »a partir de amanhã», ou seja, desde sexta-feira passada, circulam em Roma 40 autocarros com imagens de promoção de Fátima.
No entanto reconhece que, embora nada esteja absolutamente definido no novo decreto-lei, «Fátima tem sido um bocadinho mal tratada institucionalmente.
Para os deputados Pedro Pereira (PP) e Natálio Reis (PSD), a questão, porém, que se coloca é a de saber qual o futuro, face ao panorama pouco animador. Miguel Mangas (PP) quis saber, afinal qual vai ser a futura denominação da região. Já para Sérgio Ribeiro (CDU) é o concelho de Ourém que tem que ser valorizado, já que este não é apenas Fátima e tem mais para oferecer que apenas o turismo religioso.
Em resposta Sousinha diz que «tudo o que fazemos é evidenciar quatro grandes produtos turísticos da região: religioso, património edificado, património natural e praias. Quanto à anunciada fusão da RTLF com a região de Turismo dos Templárioa, Sousinha diz que «dentro de uma má solução, não me faz nenhuma confusão esta fusão». Quanto ao futuro, diz que a região tem vindo a sensibilizar para a internacionalização da marca, pelo que não faz sentido retirá-la do Plano Nacional». Por isso, garante: «podem ter a certeza que iremos contestar até que as forças nos faltem para que a região e o nome de Fátima não desapareçam».
O presidente da Câmara também usou da palavra para defender que «estando aprovada uma estratégia nacional para o turismo, temos é que nos chegar à frente e tirar o máximo partido. Diz que apesar das lutas e interrogações populares, o Governo «tem alguma dificuldade em ouvir mas temos que procurar fazer com que isso aconteça».

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