15 março 2007

Freire com Gedeão, ao Som da Tinta


No sábado, a Som da Tinta iniciou aquela que pretende ser uma nova actividade. Trata-se de criar uma espécie de clube de leitura para, à volta de um livro se gerar discussão, após leitura prévia.
Para dar o pontapé de saída, foi convidado um dos sócios da livraria, Manuel Freire, que veio falar sobre António Gedeão/ Rómulo de Carvalho, mas também para dizer alguns dos seus poemas e cantar outros.
Freire começou por referir o seu primeiro contacto com Rómulo de Carvalho, através de um compêndio escolar.
Noutro registo, refere a sua entrada no mundo das canções, com conteúdo, aquelas que «me permitiam ‘falar’ das coisas que me preocupavam» através de Zeca Afonso. Estava-se então em 1962. E é em 1969 que Manuel Freire descobre o poeta António Gedeão, copiando poemas dos seus livros e musicando-os. Um desses poemas, a Pedra Filosofal, acabaria fazendo sucesso num programa televisivo, também ele de sucesso, à época, o zip-zip.
Mais tarde acaba por conhecer o autor e recorda ess dia em que conheceria também Natália Correia. De Gedeão, na altura, diz que «foi muito discreto, como sempre», mas é aqui que irá nascer o seu relacionamento, que se manteve distante até que a filha de Gedeão resolveu promover a aproximação.
Do autor de «Lágrima de preta» Manuel Freire recorda a ironia, para a qual ele «não dava a chave», ironizando com no mesmo tom em que falava. Refere depois o facto de Rómulo de Carvalho ter nascido no seio de uma família ligada à cultura e à arte, pelo que cedo se iniciou neste mundo e «mostrou a sua genialidade». Logo aos dez anos, depois de ter lido os Lusíadas, o pai foi encontrá-lo a escrever a sua continuidade, já que ele achara que o poema não estava completo. Mas antes ainda, aos 5 anos, fez a sua primeira quadra: «Era uma vez um menino/ Que não era nada feio/ O que tinha de extraordinário/ Era um feitiço no meio». Freire explica que a sua mãe era ligada ao espiritismo, pelo que a palavra feitiço lhe vem dos multi-significados que pode ter, numa criança que começa a aperceber-se da sua sexualidade. Aos sete anos terminara já a instrução primária e a professora primária colocava-o a dar aulas aos colegas. Estes apenas alguns episódios na vida do jovem Rómulo que, contrariamente ao que, sendo um homem de ciências, para além de poesia, escreveu ficção, fez uma banda desenhada para explicar ao filho a história de Portugal e escreveu teatro. Da sua vertente de dramaturgo, Freire destaca uma breve história onde explica aos mais novos os movimentos da terra, da lua, etc. E até uma revista, que segundo Freire terá tido grande sucesso, Gedeão escreveu. Muito mais Manuel Freire disse sobre o autor e a sessão com este a, depois da leitura de alguns poemas, cantar outros onde não faltou, claro está, a «lágrima de preta» ou a «Pedra Filosofal». Pelo meio alguns comentários do muito público presente e algumas experiências à volta da obra de Gedeão.

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