29 março 2007
Matas e Espite com horário médico reduzido: Impasse na Saúde
Na semana passada passou à aposentação mais um médico do Centro de Saúde de Ourém, o que veio complicar ainda mais a situação da saúde concelhia. Delfim Abreu era o médico de Espite e das Matas e que agora terá que ser substituído.
Em Espite, este médico fazia 4 períodos e nas Matas três. Dada a falta de médicos esses períodos vão ser reduzidos, passando a médica que o vai substituir a deslocar-se a Espite dois períodos de 4 horas por semana, num total de 8h, enquanto que às Matas se deslocará apenas por um período de 4 horas.
A médica que vai servir estas duas populações encontra-se de férias regressando ao serviço no dia 19.
O presidente da Junta de Freguesia de Matas já foi falar com a directora do Centro de Saúde de Ourém, procurando que o horário de visita à sua freguesia passe também para dois dias por semana porque considera que, apenas num período, «a médica vai se sentir asfixiada. A população vai começar a ir para o posto às 5h da manhã». Mas Manuel Antunes, depois de falar com a directora do Centro de Saúde, afirma ter compreendido as dificuldades com que se debate o Centro, embora se afirma esperançoso de que a sua reivindicação ainda possa vir a ser respondida. A ida da médica à freguesia dois dias por semana, não sendo a situação ideal, «já seria melhor».
Entretanto, Manuel Antunes aproveita para, em nome da população da sua freguesia, agradecer o trabalho desenvolvido por Delfim Abreu, ao longo dos quinze anos que serviu a população. Os mesmos agradecimentos faz o presidente da Junta de Freguesia de Espite, este menos conformado com os novos períodos de visitas médicas à sua freguesia.
João Trezentos não aceita que ver assim reduzidos os tempos de consulta médica recordando que a sua freguesia tem uma população bastante idosa, com dificuldade de deslocação, com os filhos, na maioria dos casos emigrados e que, para se deslocarem para outra localidade têm que chamar táxis, o que, afirma, se torna incomportável dadas as baixas reformas que muitas vezes mal chegam para pagar os medicamentos.
João Trezentos refere a distância a que a freguesia se encontra da sede do concelho para dizer que, em termos de assistência médica «isto está pior do que no tempo do Salazar» e recorda que o centro de Saúde de Espite «é antigo. Está ali desde antes do 25 de Abril». Refere ainda as más acessibilidades p+ara dizer que «Espite está de luto. Morrem as pessoas por não terem quem as socorra, por falta de médico». Recorda que «anteriormente já houve uma redução de um dia e calámo-nos». Mas «agora não vamos aceitar. Há mais de 1200 pessoas inscritas no posto. Isto já para não falar nas épocas de férias».
A directora do Centro de Saúde de Ourém pouco pode adiantar ao que já foi dito. Recorda a falta de médicos com que se debate o Centro e recorda que, em caso de necessidade, a população pode sempre deslocar-se a Ourém.
Centro de Saúde: ainda nada é definitivo
Como é do conhecimento geral, conversações entre responsáveis da Saúde, Câmara e Governo Civil, conseguiram que, pelo menos durante algum tempo, a abertura do Centro de Saúde de Ourém passasse a ser até à meia-noite, em vez de até às 22h como inicialmente previsto. No entanto esta é uma situação provisória em que estaria a ser avaliada a situação através da contabilidade das ocorrências verificadas durante este período. Mas, quando parecia que a recém criada comissão ia começar a trabalhar, eis que à Câmara chega uma carta, assinada pelo próprio ministro da Saúde, afirmando a necessidade de ouvir os municípios antes de avançar com qualquer solução. Assim, a Câmara está a preparar um documento/ proposta para apresentar ao ministério da Saúde. Compreendendo as dificuldades devidas à falta de médicos do Centro de Saúde, a proposta deverá ser feita no sentido do encerramento à meia-noite. A Câmara deverá ainda propor que seja contratualizado consigo, um serviço de atendimento com disponibilidade para que seja permanente, mantendo assim a abertura entre as 00h00 e as 8h00. Ou seja, no fundo aquilo que David Catarino defende desde há muito que é a contratualização de serviços ao sector privado.
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