11 janeiro 2007

Bombeiros de Ourém: 95 anos de missão



Os Bombeiros de Ourém comemoraram na passada quinta-feira, 95 anos de vida, no decorrer de uma cerimónia «informal», tal como a considerou o comandante, Júlio Henriques. Uma informalidade que acaba por se traduzir num serão agradável bastante participado e com poucos discursos. Apenas usaram da palavra os dirigentes da casa: comandante e presidentes da direcção e da assembleia-geral e os responsáveis máximos da protecção civil, a nível local, David Catarino e a nível distrital, Paulo Fonseca.
Ao comandante coube fazer os agradecimentos às várias instituições, pelos apoios prestados durante este ano, mas também aos colegas de corporações vizinhas que vieram ajudar em momentos de maiores dificuldades quer no combate aos fogos de Verão, quer, mais recentemente, aquando das cheias que também assolaram o concelho de Ourém.
Júlio Henriques fez ainda referência ao congresso dos bombeiros que terá lugar no próximo dia 27 deste mês na vizinha cidade de Torres Novas onde deverá ser dado conhecimento da posição da Liga face à nova legislação, bem como das propostas que a mesma deverá apresentar.
O presidente da mesa da assembleia-geral, continuou na linha dos agradecimentos, particularmente à «gente de todo o distrito, presente». Tal como o fizera o comandante, agradeceu a quantos ao longo destes 95 anos, contribuíram para a existência da instituição. Referindo a ausência do presidente da Liga, afirma que este se fez representar na sua pessoa, deixando «um abraço» e a mensagem de que «a liga está atenta e continua a lutar pelos bombeiros».
Para Carlos Batista são dois os problemas fundamentais que afectam a instituição: o financiamento e o estatuto social do bombeiro. Considera o presidente da assembleia-geral da Associação Humanitária dos Bombeiros de Ourém que se «se conseguissem resolver estes dois problemas, as coisas seriam muito mais fáceis». Em relação ao estatuto social, recorda que «as coisas são diferentes do que eram há 20 anos» Até porque «as exigências da juventude de hoje, são diferentes», pelo que «é preciso criar condições e adaptarmo-nos».
Quanto ao financiamento, defende que seja posto em prática aquilo «de que se fala, e que o dinheiro dos jogos populares como o totoloto e o totobola, chegue, finalmente».
O presidente da direcção da Associação começou por fazer referência aos fogos do Verão para apontar o bom desempenho dos bombeiros de Ourém. E diz que esse bom desempenho se fez sentir também no exterior, já que disso terá recebido notícia.
David Catarino começa por reconhecer que as dificuldades porque passam os bombeiros são naturais face à situação, também ela difícil, que o país atravessa. E aponta não só a crise económica, como a sinistralidade nas estradas, o vandalismo, os incêndios e este ano também as cheias.
Por isso, defende o responsável máximo concelhio da protecção civil, «temos que encontrar caminhos de maior eficácia». Defende a necessidade de optimização dos recursos existentes, «conscientes de que eles não vão aumentar nos próximos tempos», pelo contrário, «a tendência é para se manterem ou mesmo diminuírem». Fazendo referência às três corporações de bombeiros do concelho, Catarino considera que «não é preciso ter tudo em todo o lado». E por isso, defende «uma estrutura única de atendimento» que faça o encaminhamento das situações. Nesse sentido aponta o esforço de optimização que está a ser feito, neste sentido, a nível distrital. Diz o também presidente da Câmara de Ourém que, embora ainda sendo necessário algum equipamento, como é o caso do quartel de Fátima, a verdade é que o problema que hoje se coloca já não é o da quantidade mas sim o da qualidade no sentido da optimização dos recursos existentes. Daí que defenda, também ele, a necessidade de «encontrar novas formas de equacionar os problemas para que possamos ser mais eficazes».
Paulo Fonseca, depois de fazer referência a «estes 95 anos, quase um século de alegrias e dificuldades, de caminhos sinuosos em nome de uma causa comum», recorda a sua ligação pessoal à instituição de que foi dirigente durante 15 anos. Daí alguma emoção em estar presente. Aliás, tendo chegado atrasado, já depois do jantar, o Governador Civil explicou ter estado reunido em Lisboa com o ministro do Ambiente, mas a sua forte ligação aos Bombeiros de Ourém fez com que não faltasse ao convívio.
Para Paulo Fonseca, «estamos numa fase em que vamos lendo indicadores e tirando conclusões», já que todos «tivemos oportunidade de reflectir sobre os caminhos para melhorar o sistema». E para o Governador Civil, «a Protecção Civil em Portugal deve continuar a ser como é», embora «num quadro de algumas mudanças». Fala das dificuldades que as pessoas sentem em reformar e diz que sempre todos se queixaram da falta de instrumentos. Instrumentos que estão agora em discussão pública, apesar, refere, disso acontecer num momento de dificuldades financeiras do país. Mas, apesar dessas dificuldades, diz Paulo Fonseca, «em 2006 foi possível dar dez vezes mais apoio aos bombeiros do distrito. E diz que tal não sucedeu «por eu ser um homem dos bombeiros, mas sim porque há uma estratégia com o objectivo de garantir que haja meios necessários para o desempenho das funções».

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