10 agosto 2006

Casal imigrante ucraniano na Atouguia: Voltar a casa é o principal desejo



Há cinco anos que Oleksandra Zhytaryuk, ucraniana, de 33 anos, se encontra na Atouguia. Veio meio ano depois de o marido já se encontrar em Portugal, na procura de um futuro melhor.
O objectivo é juntar dinheiro para dentro de dois anos, voltar à terra natal onde se encontra o filho, Dimitri, agora com 11 anos. Ele que, este ano ganhou o primeiro prémio num concurso europeu de Matemática.
Orgulhosa a mãe, justifica o prémio pelo facto da avó materna e paterna serem professoras de Matemática. Mas, no futuro, Dimitri que toca órgão, quer ser jurista ou advogado.
De enfermeira
a costureira
O marido de Oleksandra veio antes, com outros. Ainda trabalhou na fábrica de carvão mas, nove meses depois acabou por mudar-se para uma empresa de carpintaria, o que gosta de fazer já que, na Ucrânia dividia o tempo entre a tarefa de professor primário e a de carpinteiro.
Quando chegou a Portugal, Oleksandra que lá era enfermeira. Trabalhava num centro de saúde, semelhante ao de Atouguia, com função de médico como passar receitas, dar injecções e venda de produtos farmacêuticos.
Quando veio morar no concelho, foi trabalhar numa fábrica de confecções, no Casal Vieira. Durante quatro anos e meio ali costurou casacos.
Nunca pediu equivalências na sua formação porque "era preciso estudar meio ano", e depois "fazer exame". Isto além de "ser muito caro e, era preciso estudar a língua". Além disso o sonho é voltar: "Toda a família está lá", conta. Enquanto estão aqui, o casal tem ajudado a família financeiramente. O filho vive com a mãe de Oleksandra. Ele - diz ela - mais que ninguém anseia pela volta dos pais. Falam frequentemente ao telefone e além das pequenas lembranças que os pais vão enviando ao filho, gostariam de lhe comprar um computador.
Agora, Oleksandra, devido a um problema de saúde, (foi operada a um carcioma benigno), encontra-se sem trabalhar, necessitando de encontrar uma ocupação que exija menos esforço físico.
Férias na terra natal
Todos os anos, o casal vai de férias, um mês à Ucrânia. Desde há três anos que este casal já possui uma casa. Uma moradia com quintal, na terra do marido, a cidade de Rot Hotnn. Uma habitação que, agora, pode valer entre 15 a 20 mil euros. Esta imigrante que, em Dezembro obterá o visto de residência assinala que, muitos imigrantes ucranianos estão a adquirir casas lá e, daí uma subida no preço das mesmas.
Mas há também casos de quem tudo vendeu na Ucrânia e que já adquiriu casa cá, para com a família, começar uma nova vida, conta.
Quando vão de férias aproveitam para fazer pequenos arranjos na casa. E quando regressarem definitivamente, esta imigrante deve voltar a trabalhar no hospital enquanto que o marido deverá, também, abrir uma pequena oficina de carpintaria.
Curso de português
Oleksandra e o marido foram um dos casais que teve formação em português num curso que, decorreu há dois anos, na Junta de Freguesia de Atouguia.
"Muita gente tirou o curso", refere a imigrante. E este – garante – ajudou muito. Porque "antes não sabíamos".
O marido – diz – por estar em contacto diário com outros portugueses aprendeu e fala melhor a língua. Já ela, como não podia falar, durante o serviço, na fábrica, não pratica tanto.
Diz ainda que o português das telenovelas "é mais fácil de aprender" que o dos noticiários. Porque "os jornalistas falam mais complicado". E quanto a televisão, o casal vê os canais falados em língua russa e ucraniana. Mais que em língua portuguesa – assinala. Há dois anos que não vê noticiários portugueses.
Oleksandra é católica da Igreja ortodoxa. Assim, quando é tempo de Páscoa, participa na celebração na igreja da Sagrada Dormição, no Domus Pacis em Fátima. Ela gosta também de participar na procissão das velas.

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