17 agosto 2006

histórias de vida: Enfermeira em luta



"Em Portugal conheci pesssoas maravilhosas que me ajudaram muito." Foi há cinco anos que a cubana Maivis Borga deixou a sua terra natal e rumou em direcção a Portugal. Casada com um empresário da região, com um filho de três anos, Maivis sente-se totalmente integrada no nosso país.
Mas nem tudo foi fácil. Produtora musical e enfermeira licenciada, esta cubana de 30 anos luta ainda pela possibilidade de exercer enfermagem em Portugal. Apesar das carências do nosso país na área da saúde, Maivis viu-se impossibilitada de exercer a sua profissão, sendo-lhe exigida uma equivalência. "Há muita burocracia. Neste momento ainda estou à espera de uma certidão da Ordem dos Enfermeiros e sem ela ninguém me dá trabalho." Mesmo depois de conseguir o estatuto de cidadã portuguesa, Maivis, deparou-se com alguns entraves e viu frustradas todas as tentativas de encontrar trabalho. Maivis Borga lamenta também o facto de não poder trabalhar como produtora musical no nosso país. "A produção musical é mais um hobbie mas, de qualquer forma, em Portugal também é complicado conseguir este tipo de trabalho."
Até mesmo para abrir uma conta bancária a cubana esbarrou nos entraves da burocracia. "Eu tinha a documentação toda mas disseram-me que tinha de ir a Cuba pedir uma declaração que garantisse a minha imigração para Portugal. As restrições são imensas!"
No início, Maivis sentiu também algumas dificuldades no que diz respeito à língua portuguesa. "Quando cheguei a Portugal, não conseguia entender o que as pessoas diziam. Agora já dá para compreender mas falar ainda é complicado."
A imigrante, proveniente da cidade de Havana, notou ainda diferenças substanciais na personalidade da população portuguesa em comparação com a cubana. Ao contrário dos cubanos, os portugueses são mais introvertidos. "As pessoas aqui são mais fechadas do que lá. Não é que sejam antipáticas mas os cubanos são mais amigos uns dos outros, não há diferenças no tratamento entre as pessoas. Depois eu acho que os cubanos primam mais pela simplicidade do que os portugueses." A produtora destaca igualmente "uma maior humildade por parte do povo cubano" e o facto destes partilharem mais as suas vidas. "Em Portugal é preciso conhecer muito bem uma pessoa para ganhar a sua confiança. Aqui cada um vive a sua vida, não há uma partilha tão grande", lamenta a imigrante.
No que diz respeito ao clima, as diferenças são abismais. E esta foi mais uma adversidade sentida por Maivis. "Em Cuba está sempre imenso calor. Quando cheguei a Portugal, em Novembro de 2000, estava muito frio, nem me atrevia a sair de casa!"
Filipa Ferreira

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