28 setembro 2006

Comunicação autárquica em debate



Durante dois dias, responsáveis de comunicação de autarquias um pouco de todo o país marcaram presença no VII Encontro Nacional de Comunicação Autárquica que decorreu em Santiago do Cacém, numa organização da Câmara local. Da Câmara de Ourém não esteve ninguém mas o Notícias de Ourém não faltou, consciente da importância que a comunicação tem nos dias de hoje e da necessidade de estarmos informados também sobre o modo como funcionam, ou deveriam funcionar, as entidades e/ ou gabinetes que têm como objectivo a informação da população.
Foram dois dias de intenso debate onde esteve em foco o modo como as autarquias devem comunicar com os seus eleitores mas também o papel da comunicação social, nacional e regional, nesta comunicação. E ficou claro para todos, através das comunicações de catedráticos da área mas também de profissionais, o papel de extrema importância da comunicação social local, sobretudo quando é sabido que a nacional só raramente e em casos muito específicos, divulga notícias de âmbito local. E, segundo os profissionais dos diferentes órgãos nacionais presentes, não se prevê que a situação venha a alterar-se. Até porque, como frisou Ricardo Jorge Pinto, do Expresso, a comunicação autárquica pode e deve ser notícia «tem é de o ser para as populações que vivem nas regiões em causa». Claro ficou, porém, que o modo de fazer comunicação autárquica não se compadece com formas retrógradas de dependências totais onde a comunicação se confunde com publicidade e propaganda política. As exigências dos nossos dias apontam para uma comunicação que, tendo associada, naturalmente, uma componente política, não pode ser confundida com comunicação eleitoral e muito menos partidária, antes deverá estar voltada para os cidadãos. Para isso tem que, forçosamente, possuir quadros técnicos qualificados, criativos, e basear-se na qualidade.
Importante ainda a ideia de que as autarquias devem ser, cada vez mais, transparentes e permitir o acesso à informação. Subjacente está a ideia de que mesmo quando essa informação não é boa para a Câmara, ela assumirá contornos muito piores quando comunicada por terceiros
De destacar ainda a comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa que falou sobre os trinta anos do Poder Local Democrático, apresentando sobre este um breve historial. Para o professor, hoje as autarquias atravessam dificuldades que as obrigam a acompanhar os tempos, nomeadamente no que toca aos meios de comunicação com as suas populações. Falou da importância de acompanhar os blogs que proliferam em todos os concelhos, verdadeiros fóruns de discussão. Insiste, também ele, na importância dos órgãos de comunicação social local e na necessidade das autarquias aprenderem a comunicar com as suas populações «fora do quadro panfletário». Marcelo referiu ainda as dificuldades porque passa a imprensa regional e local mas deixa claro que «é muito importante que ela exista e que se especialize, até mesmo na área do poder local». Essa importância, no entender do professor é acrescida em concelhos de muita emigração por ser um elo de ligação com a terra, «uma referência». Mas, fora deste quadro, aponta o chamado «jornalismo de proximidade» como sendo de extrema importância, a ser impulsionado pela sociedade civil já que «é sempre perigoso o envolvimento autárquico». No entanto, defende, «as autarquias têm que encontrar formas de criar condições para manter a imprensa local, sem contudo se intrometer nela». Por isso considera que «o ideal seria uma espécie de pacto de regime, sem conotações partidárias». Aliás, Marcelo Rebelo de Sousa acredita que «o próprio Governo vai perceber a importância e a necessidade de apoiar a imprensa local». E se agora, devido a questões economicistas, «a moda é cortar por aí (entenda-se nos apoios à comunicação social), o professor acredita que «é preciso dar a volta» embora reconheça que «para já, nem Governo nem Autarquias parecem muito preocupados em dar essa volta».
Por fim há que referir o lado lúdico e cultural que também fazem parte destes encontros. No caso específico de Santiago do Cacém, a autarquia levou os participantes a visitar o Badoca Safari Park e o Monte do Paio, uma quinta didáctica, situada num local privilegiado de onde se tem uma vista fantástica sobre a Lagoa de Santo André. Foram momentos particularmente bem vindos, pelo contacto directo com a natureza e as fabulosas paisagens da costa, que cortaram a dureza de muitas horas de comunicações e debates.

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