14 setembro 2006

A (in)disciplina na aula

A disciplina e/ou a falta dela, foi o tema da palestra apresentada por Luciano Campos Silva, professor na Universidade de Minas Gerais, Brasil, especialista nas questões disciplinares nas aulas, que se encontra em Portugal a fazer um doutoramento.
O docente brasileiro levantou algumas questões, baseando-se em afirmações que vão sendo correntes nos nossos dias e que colocam a questão da disciplina como algo fora de moda. No entanto, para o professor, a disciplina é algo essencial, não apenas para permitir o bom funcionamento de uma sala de aula, mas também para incutir no jovem regras que lhe permitirão viver em sociedade. Distingue indisciplina de violência e considera que a disciplina é uma construção social pelo que é inegável tanto o papel da família como o da escola. Se nos dias de hoje se tornou corrente considerar os jovens como rebeldes sem causa, para Luciano Campos Silva, essa não é uma verdade aplicável a todos visto que todos os dias assistimos a diferentes comportamentos. Por outro lado não acredita que deva considerar-se, como também já vai sendo lugar comum, que os jovens oriundos de classes mais desfavorecidas são os mais indisciplinados e rebeldes. Até porque, no entender do pedagogo, essa é uma forma de culpabilizar as famílias, libertando de culpas os restantes intervenientes na formação. Por isso, defende, há que ter cuidado para não negar em absoluta tal afirmação mas também não pode ser aceite integralmente.
Na sua dissertação o professor apontou algumas situações específicas que têm lugar dentro das salas de aula, provando a necessidade dos professores assumirem uma postura onde seja clara a existência de regras, mas sem recorrer ao autoritarismo. Ou seja, o professor tem que saber impor-se de forma consistente porque os jovens são mestres em testar os comportamentos dos seus professores. Com base na sua investigação, Luciano Silva deixa claro que, para um aluno, o bom professor é o que sabe expor claramente a matéria e não o que «deixa andar» e também são eles os primeiros a queixarem-se dos comportamentos indisciplinados dos colegas. No fundo, ficou clara a necessidade da existência de disciplina e ela e esta, se deve ser ensinada, primeiro, no seio da família, não descarta da responsabilidade os professores.

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