01 março 2007

No rescaldo eleitoral

Aproveitando a conversa com David Catarino, colocámos-lhe também algumas questões sobre conversas de bastidores que se ouvem por Ourém, a propósito das recentes eleições no PSD
NO – Depois das eleições no PSD, correm rumores de reestruturação ao nível dos pelouros, na autarquia, face a algumas pressões que estarão a ser exercidas sobre o presidente da Câmara. Há alguma verdade nisto?
DC – O presidente da Câmara não vai, nem iria nunca, em pressões desse tipo.

NO – Isso quer dizer que elas existem?
DC – Não as conheço.
Eu fui eleito com uma equipa de pessoas, numa lista partidária. Portanto, devo ser leal aos órgãos eleitos do partido pelo qual concorri. É a relação normal a não ser que houvesse uma situação de ruptura, o que não me parece ser o caso.
Depois, acontece que houve esta disputa partidária e, a certa altura, fiz um esforço, como se sabe, para que houvesse alguma solução de outro tipo. Tinha desvantagens mas também tinha vantagens. As pessoas entenderam outro modelo. Houve uma disputa eleitoral e, depois disso, eu reuni com os membros da equipa e disse: - meus senhores, as decisões do PSD são as decisões do PSD, a equipa da Câmara é uma equipa composta por pessoas que, em cada reunião de câmara fazem parte de um órgão que é composto por sete, que somos nós todos e em que todos temos igualdade de voto. Tirando isso, o desempenho de vereadores em regime de permanência é feito por designação do presidente da Câmara, mediante confiança dele e por duração de competências. Portanto, os senhores vereadores que estiveram envolvidos nestes actos eleitorais partidários, continuam a ser, neste momento, os membros da minha equipa. Estamos todos em funções. Funções que até obrigam à exclusividade. Fazemos todos parte de uma equipa, leais uns para os outros e é com essa equipa que eu conto.
NO – Isso quer dizer que não haverá qualquer mexida e que tudo se mantém na mesma?
DC – Sim. Esta equipa, eleita por um partido político, tem uma obrigação: desempenhar o mandato para o qual foi eleita, da melhor forma.
Nos desempenhos partidários disse-se também que o PSD estava em baixo, enfim… O melhor desempenho que pode ter o partido que está no poder, é o adequado exercício desse poder. Neste momento, com o PS no Governo, o melhor desempenho que pode ter para o partido é que o Governo governe bem.
O mesmo se passa com a Câmara.
Se nós tivermos um bom desempenho, essa é a melhor forma de ajudarmos o PSD para as decisões que os órgãos do partido tomarem, num sentido ou noutro, mas nas quais eu não me meto.

NO – O facto de ter ficado de fora desta disputa, torna definitiva a sua não recandidatura à Câmara?
DC – Sim. É conhecido que não pretendo voltar a ser candidato. Creio que estamos no tempo certo para a transição.

NO – Assim, o candidato natural do PSD nas próximas autárquica, é Vítor Frazão.
Mas em relação a isso parece haver por aí alguns engulhos. Uns porque não aceitam bem ver um fatimense a decidir sobre os destinos do concelho, outros porque não acreditam nas suas capacidades para dar continuidade ao projecto, pelo menos nos moldes em que tem vindo a acontecer.
DC – As decisões que o PSD venha a tomar, são decisões do PSD. Não me cabe a mim antecipá-las nem condicioná-las.
Depois, não há ninguém insubstituível.
Eu também o não sou.
E os trabalhos numa autarquia, mais que trabalhos individuais, devem ser trabalhos de uma equipa constituída de forma adequada.
Sejam quais forem as decisões, o importante é que haja uma equipa que funcione.
Por outro lado, se eu acho sempre que o primeiro ou segundo não têm que ser de Fátima, Fátima também não pode ficar inibida de ter o primeiro ou o segundo. Ou seja, não deve ter o direito exclusivo ao primeiro ou ao segundo lugar mas, na verdade, Fátima é a maior freguesia do concelho, com um grande peso. Penso que quem assume funções de responsabilidade na autarquia, não terá uma visão de que esta só terá que actuar num determinado local ou numa determinada freguesia. Isso nunca aconteceu até aqui. Tem havido um desenvolvimento equilibrado. Mas, naturalmente, quando se distribui por todo o concelho os benefícios do progresso, todos têm mais coisas mas também todos têm menos coisas. Se fosse tudo concentrado num único local, os outros estariam todos na selva e aquele local estaria melhor. Mas penso que se tem conseguido um desenvolvimento integrado do concelho e quem, hoje, assume certas funções, necessariamente, tem que ter uma visão global.
Não quero comentar quais sejam as futuras escolhas do PSD, mas também não me parece que Fátima possa ser inibidora.

NO – Fala em trabalho de equipa. Mas hoje o que se diz é que o presidente da Câmara é centralizador. Reconhece-se que conhece bem os dossiers mas que centraliza em si as decisões e por isso se teme que Frazão não possua os conhecimentos necessários e a capacidade para abarcar tudo…
DC – Eu não quero falar de mim e muito menos dos outros. O PSD há-de tomar as suas decisões. Nós somos todos diferentes e temos coisas em que somos melhores e outras em que somos piores.

NO – Sei que lhe estou a colocar questões difíceis, mas face a isso tudo e como alguém que trabalha há muito tempo com Vítor Frazão, que o tem como seu número dois, acredita que ele tem capacidade para desempenhar o cargo de presidente da Câmara de Ourém?
DC – Julgo que sim. O que não quer dizer que eu esteja a dizer que essa será a escolha do PSD.

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