03 maio 2007

Morgado, o símbolo do C.D. Fátima



Luís Morgado é o jogador mais emblemático do Centro Desportivo de Fátima, clube onde ingressou há doze anos. Capitão de equipa ao longo dos últimos anos, com ela evoluiu como jogador e como homem, conseguindo criar um consenso de companheirismo e amizade no grupo, não só a nível de balneário mas também dentro e fora de campo. Foi visível a emoção que ele e outros jogadores revelaram após o jogo com o Mirandense, precisamente na ocasião em que o público presente no Estádio Municipal de Fátima festejava a vitória e consequente obtenção do 1.º lugar da série C do Nacional da II Divisão. É este jogador, professor de Educação Física, que o Notícias de Ourém escolheu para nos falar sobre o clube e o trabalho que levou o Fátima à melhor classificação de sempre da sua história.

NO – Ingressou no Fátima quando a equipa estava na 3.ª divisão nacional. Durante este percurso a equipa subiu à II B, desceu à 3.ª nacional e voltou a subir à II B em 1999/2000, onde se con-servou até hoje, como sentiu esta continuidade?
LM – Foram tempos difíceis, efectivamente as condições não eram as melhores, como é habitual dizer-se: treinávamos com a casa às costas e isso explica as quebras e instabilidade da equipa nesses tempos. A descida de divisão foi marcante, mas com a estabilidade do clube ocorrida nos últimos anos o crescimento foi notável e os resultados acabaram por aparecer.
NO – Quer falar-nos das época passada e desta, período duran-te o qual o Fátima obteve as melhores classificações de sempre?
LM – Na época passada o nosso tipo de futebol foi diferente, jogando mais na garra mas, mesmo assim, conseguimos um excelente 2º lugar. Na verdade com a equipa de que dispúnha-mos obtivemos o máximo, pois não seria possível ir mais além. Esta época foi diferente, começamos mal, mas conseguimos encontrar o rumo. O tipo de treino aplicado por Rui Vitória demorou mais tempo a apreender, mas com o decorrer do trabalho conseguimos a articulação necessária para um bom desempenho. As lesões e castigos que entretanto apareceram fizeram o grupo abanar – quando já somávamos doze pontos de avanço em relação ao segundo da tabela – e obrigaram-nos a um maior esforço na recta final.
NO – Quando é que o grupo de trabalho assumiu a possível conquista do primeiro lugar?
LM – Só a meio da época nos apercebemos que poderíamos vencer e nessa altura todo o grupo assumiu. A equipa trabalhou bem, suportou o impacto negativo da perda de alguns pontos e acreditou que o primeiro lugar estava ao nosso alcance, tu-do fazendo para o atingir, felizmente com êxito.
NO – Quanto ao futuro, acredita na subida à Liga de Honra?
LM – Já que chegamos até aqui, porque não? É triste que a subida não seja automática, pois uma equipa como a nossa que foi tão regular ainda terá que disputar o play-off e por-tanto só subirá se ganhar, o que é condicionado por muitos factores, vamos lutar para o conseguir e já agora discutir o tí-tulo de campeão.
NO – Estará o Fátima preparado para uma Liga de Honra?
LM – Falando da Liga de Honra já estamos a considerar a necessidade de equacionar o salto, que é muito grande. Quase todas as equipas são profissionais e as pessoas têm que ponde-rar, como está não é suficiente, pois as exigências são maiores. O clube precisa de estruturas fortes para isso. Por parte da equipa há forte motivação e desejo de atingir esse patamar.
NO – O que sente Morgado, o jogador, o homem que enverga e defende as cores do Fátima neste momento do êxito?
LM – Muito feliz. O apoio do público no último jogo foi fantás-tico e no fim ver a alegria que demonstraram nas bancadas, foi algo gratificante. Eu e alguns colegas mais antigos no clube choramos, pois a emoção foi forte. O incentivo dos sócios que nos acompanharam nos jogos domingo após domingo em casa, mas sobretudo fora, foi muito importante. A nossa festa também é deles.
NO – Os mais novos olham para a equipa do Fátima como exemplo, o que lhes pode transmitir?
LM – Que o futebol me deu coisas importantes na vida e se eu consegui, eles também o podem obter. Joguei durante mui-tos anos, mas conciliei os estudos com o trabalho, tirei um curso superior. A sugestão que deixo aos jovens é simples: se gostam de futebol, nunca deixem os estudos para trás.
NO – Para terminar, quer endereçar alguma mensagem?
LM – Se me permite, quero deixar um agradecimento a Júlio Rosa, a pessoa que me convidou para o Fátima, aos meus ex-colegas e amigos Mota, Paulão, Nelson Tordo – entre outros – que muito me ajudaram. Estou muito grato também à Direcção do Fátima e de um modo especial ao Padre António Pereira e Luís Albuquerque.

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