01 junho 2007

Duas vinhas cortadas durante a noite:


Não um nem dois ou sequer três… Centenas de pés de vinha foram cortados na Silveira, perto de Tijolo, na freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias.
José dos Reis, do Alveijar é proprietário de uma das vinhas que foi “vindimada” mais cedo. Herança de família e hobby nos tempos livres agora não sabe o que vai fazer. “Vou esperar, ver se rebenta alguma”. Senão, “vou ter de meter aqui uma máquina e arrancá-la toda” para poder plantar nova vinha.
Foi depois de um dia de trabalho, na quinta-feira, 24 de Maio, que soube. Lembra que lhe ligaram e que lhe disseram que a vinha estava vandalizada. Ele ainda pensou que como já havia acontecido que algum carro pudesse ter entrado pela propriedade dentro e danificado alguns pés de vinha. Mas não, era algo pior. “Quando cheguei vi tudo cortado”, salienta. Ficou sem palavras quando viu.
O proprietário perdeu as uvas todas deste ano “700, 800 quilos” de uva preta que juntava à uva branca que possui noutra vinha, ali perto, para fazer o néctar. Este ano vai ter de comprar.
“Inimigos penso que não os tenho. Pelo menos desconheço que os tenho. Não sei se isto foi para mim se para o meu colega” e até penso que foi engano, que, quem fez isto pensava que isto era só de um” proprietário.
Contas feitas, já que não tem seguro específico, “vou ter de pagar tudo do meu bolso”. São 350 pés cortados, um prejuízo de três mil euros.
Para este proprietário, o “trabalho” foi feito em pouco “em poucas horas, duas a três horas” e como foi de noite “ninguém se apercebeu de nada”.
Manuel Gonçalves Sousa é o vizinho do lado. A vinha dele, 800 pés, colocados há quatro anos foi cortada. “Mesmo os que estão verdes levaram meio corte”, conta.
“Pensava que não tinha inimigos mas agora acho que tenho”. Mas “não suspeito de ninguém”, confessa.
A vinha tem pés centenários, fruto da herança e o proprietário chama-lhe mesmo “o meu jardim”. Na queixa apresentada à GNR que se deslocou ao local para investigações e tomar conta da ocorrência, o valor do prejuízo apresentado foi de 7 500 euros.
“Não merecíamos isto”, salienta defendendo que “se fosse alguém que tivesse alguma questão, tivesse ido ter com o proprietário”.

Vizinho alertou
Foi José da Silva Oliveira, 75 anos que se apercebeu da situação. Viu as videiras mais murchas e pensou “enganaram-se no sulfato”. Homem ligado à agricultura, na passagem para as suas propriedades, repara que a vinha estava toda cortada.
“Um terror, um crime” é desta forma que o proprietário de várias propriedades classifica o acontecido.
“Nunca me lembro de ver uma coisa assim. Isto foi um acto de vingança, foi feito com maldade”, comenta.
Ele próprio, conjuntamente com outros que acorreram ao local, e verificaram a existência de pegadas. “Vi a pegada” assinala fazendo notar que estava “bem conhecida. A bota esbarrou ali na terra”, refere. E desde que esta situação ocorreu, “nunca vi tanta gente aqui na Silveira”.
“É um acto terrorista. Não imaginava que havia pessoas com coragem” para fazer isto, salienta o presidente da Junta, Joaquim Gonçalves. “Esperamos que não venham a acontecer mais casos. Porque isto é triste, não é o prejuízo mas é a dor”, aponta.
Para apoiar os proprietários, o autarca está a estudar formas de colaborar, com a remoção e plantação de novos pés de vinha.
A situação “é um alerta. Temos de começar a salvaguardar um pouco o que é nosso porque casos destes podem não ser únicos. E de vez em quando as pessoas devem passar porque a segurança da autoridade também não é demasiada e o vandalismo pode evitar-se um pouco”.

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