13 julho 2007

ArteCafé: Balanço positivo com algumas agruras


Tal como anunciámos na anterior edição, a propósito do seu segundo aniversário, conversámos com um dos sócios gerentes do ArteCafé.

Paulo Assis começou por fazer um balanço positivo destes dois anos de funcionamento do bar. Isto porque, afirma, «a resposta dos clientes e amigos, em termos gerais, tem sido positiva». Se bem que, confessa, ainda não há habituação e uma postura cultural como deveria, nomeadamente aquando de alguns espectáculos que requeriam menos barulho do que aquele que, por vezes, acontece». Mas Paulo Assis acredita que «essa é uma questão que se resolverá com o tempo e com a habituação».
Questionado se o modelo actual de funcionamento do bar era o que estava na ideia dos seus gerentes quando avançaram com o projecto, Paulo Assis diz que, «inicialmente, o que estava subjacente ao nascimento do Artecafé, passava por uma complementaridade com a Sala Luso-galaica», onde se esperava existir forte actividade de índole cultural. Mas «como tal não se veio a verificar e a sala se tem mantido fechada, a decisão foi de avançar para espectáculos. Inicialmente às sextas-feiras e sábados, depois também às quintas. Desde há uns meses passou a haver espectáculos permanentemente às quintas e sextas». Trata-se de «espectáculos variados com música, teatro, dança…».
Por outro lado, Paulo Assis fala de uma postura assumida pelo bar em relação à comunidade. «Nestes dois anos dispusemo-nos sempre a colaborar, às vezes com algum sacrifício, com associações e instituições da terra. É uma casa que tem sempre as portas abertas», afirma. Daí que já ali tenham sido realizados vários espectáculos de solidariedade e outros estão já agendados. Para além disso, «também ajudamos algumas instituições, umas com géneros, outras monetariamente, na medida das nossas possibilidades». Até porque «por vezes pode parecer que é uma casa que gera grande fluxo de capitais mas na verdade têm grandes despesas. Até porque há espectáculos que são caros e que não chegam a gerar o suficiente para se auto-financiar». Por isso «foram dois anos complicados mas há sempre umas seis instituições que vamos apoiando, por vezes lutando contra muitas adversidades». Destas diz que passam sobretudo por «habituar as pessoas a um conceito completamente novo em Ourém e ao respeito pela casa, pelos artistas que por ali passam mas também pelos seus frequentadores», no sentido de criar um ambiente onde as pessoas possam «sentir-se bem com as famílias sem que se sintam incomodados por comportamentos menos desejáveis».
Mas apesar de tudo, considera que o tal balanço é positivo e a prova disso está na festa de aniversário que reuniu «mil pessoas, o que não acontece frequentemente em Ourém».

«Há invejas»
Face a algumas criticas que têm por base os laços familiares de alguns elementos da casa com personalidades ligadas à política concelhia, Assis diz que «fomos um pouco vítimas dessa conjuntura. Logo no início fomos confrontados com algumas dificuldades que em certos casos passaram mesmo por atitudes de má fé. Mas penso que isso tem vindo a ser ultrapassado». No entanto, é com alguma mágoa que diz acreditar existir «alguma inveja» que não entende, até porque «foi tudo feito dentro da lei e a esse nível somos absolutamente cumpridores». Para além disso refere o facto de ajudarem na protecção do parque linear, «pagando segurança privada» e ajudando assim a que aquele espaço não se degrade. Manifesta a sua satisfação por a Câmara ali ter colocado, recentemente, câmaras de segurança, embora considere que são poucas, mas «já foi uma boa medida» para desencorajar alguns comportamentos menos aconselháveis».
Garante ainda que «nunca houve favorecimentos, bem pelo contrário, muitas vezes acabamos sendo prejudicados e o que ali está é fruto de muito trabalho e de muitos sacrifícios pessoais». Agora, é facto que tem havido o cuidado de «manter um bom relacionamento com o senhorio», até porque acreditem que «se as coisas se fizerem bem, em parceria e com boa fé, quem tem a ganhar é a terra».
Confrontado com as criticas que se fazem através dos blogs, Assis aponta-as como actos de «cobardia no seu expoente máximo», porque as pessoas não têm coragem de dar a cara e preferem mandar bocas e fazer acusações sem ter conhecimento de causa e sem terem consciência da responsabilidade do que estão a dizer sob a capa do anonimato».
Mas diz que «já ultrapassámos isso». Até porque estão conscientes do trabalho que desenvolvem». Recebemos artistas que trabalham nas melhores casas da capital. A maioria vem cá por amizade porque pelo seu estatuto já não andam por bares». Dá o exemplo da vinda de António Feio que considera uma referência nacional no teatro e não só para dizer que ele «veio por amizade com interposta pessoa. A ideia foi vir tocar umas guitarradas, uma faceta sua que as pessoas não conhecem e também fazer conversa de café. Mas as pessoas esperavam o espectáculo das “conversas da treta” e não perceberam que era impensável pagarmos um espectáculo desses. O que acabou por acontecer não foi bonito e nem dignificou a imagem de Ourém».
Outro exemplo que aponta é o do grupo Serva La Bari que, mais uma vez aponta como artisitas de topo, recordando que fizeram a inauguração do Campo Pequeno no espectáculo de La Féria. Foi a segunda vez que vieram ao ArteCafé. Assis recorda que foi pedido algum comedimento no barulho mas que tal não sucedeu. Mais uma vez manifesta-se esperançado que, com a habituação, as pessoas assumam uma postura diferente para com estes actos culturais.

Para o Verão estão agendados vários espectáculos que quer manter em segredo «por questões comerciais» mas garante a sua qualidade. Para já vai apontando uma grande festa de encerramento da época estival, em Setembro, com muita música e artistas convidados. Haverá, pela primeira vez, um Ourém Fashion que contará com a presença de modelos nacionalmente reconhecidos e a temporada de Inverno abrirá com um grande espectáculo de José Cid, já em preparação.

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